Passo 2 – Traduzir o que sente

Se você acha que conseguiu ser o observador de você mesmo e cumprir o Passo 1, vambora porque ainda tem muito trabalho pela frente. 

O segundo passo da CNV é expressar como nos sentimos. Você ainda usava fraldas quando começou a ser ensinado a inibir certas emoções. Aí cresceu e virou um adulto com dificuldades de traduzir o que sente em muitas situações. Mais uma vez… Bem-vindo ao clube!

Fala a verdade? Você já se pegou achando que estava com raiva, mas na verdade estava triste? Ou triste, mas na verdade estava só cansado?

Pegue o seu case da vida real e tente identificar, com honestidade, o que você sentiu.

Sentimentos

Talvez te faltem as palavras certas. Confira aqui uma lista de sentimentos que podem te ajudar.

A maior parte dos estudiosos afirma que os seres humanos possuem ao menos 4 emoções básicas: raiva, tristeza, medo e a alegria. Mas elas podem se desdobrar em muitas outras, e é importante tentarmos ter clareza sobre o que sentimos (e também fazer esforço para entender o que o outro está sentindo, pois pode ser diferente de nós).

Lembra do filme-animação da Pixar Divertida Mente (Inside Out)? Se você não assistiu, vale a pena! Conta a história de uma menina chamada Riley e suas emoções Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho.

O professor de Yale Marc Brackett, autor do livro “Permission to feel“, conta que  em mais de 3 mil palestras que já deu, pouquíssimas pessoas souberam definir exatamente a diferença entre raiva e decepção. 

“Raiva está conectada a um sentimento de injustiça. Decepção está conectada a não ter conseguido algo que se desejava”, explica (Fonte: Podcast Unlocking us with Brené Brown).

Barreiras para reconhecer as emoções, por Marc Brackett

  1. Não “pausamos” antes de responder. Não fazemos “check-in” do que estamos sentindo e nem do que o outro possa estar sentindo.
  2. Gostamos de projetar emoções em outras pessoas e evitar olhar para as nossas próprias (é difícil admitir que temos sentimentos ruins…)
  3. Somos treinados desde cedo a mascarar nossas emoções – principalmente a vergonha e o medo. 

Expressar esses sentimentos para os outros é ainda mais difícil! Mas é uma etapa imprescindível aos bravos praticantes de CNV. Sim, você vai precisar assumir que está com raiva, medo, vergonha, tédio… E isso significa aprender a encarar e demonstrar suas vulnerabilidades (pelo menos um pouquinho!)

No vídeo eu explico melhor essa história. Agora, me diz se você é capaz de identificar as emoções que sentiu na situação real que está imaginando.

Defina, da melhor forma que puder, o que você sentiu na ocasião. 

Bora prosseguir por aqui!

Pseudo-sentimentos: o bicho-papão da CNV!

Opa. Mas tem algo importante aqui no caminho. Se por acaso você escolheu algum sentimento como “atacado, coagido, diminuído, ignorado, provocado ou pressionado…”, luzinha vermelha piscando e te mandando voltar duas casas.

Esses são consideramos “pseudo-sentimentos” em CNV, pois eles não são sentimentos reais, e sim mecanismos de atribuir a outra pessoa algo que você está sentindo.

Sinto te informar, mas, em CNV, tudo é problema seu. Não tem vítima ou coitadismo. Você precisa “cavar” o sentimento até encontrar a raiz dele. Se você se sentiu “diminuído”, por exemplo, provavelmente estava triste. Se você se sentiu “pressionado”, acho que poderia estar com raiva.

Perceba que isso está super relacionado ao Passo 1 – observação, pois se não abrimos mão do julgamento lá em cima, é bem provável que tenhamos dificuldade de enxergar nossos próprios sentimentos aqui no Passo 2. 

A especialista em CNV em ambientes de trabalho, Marie Miyashiro, em seu livro “The Empathy Factor” também faz um alerta. Se expressamos nosso sentimentos usando o “Eu me sinto como se…”, não seremos específicos e há uma grande chance de estarmos expressando críticas, pensamentos ou avaliações – e não sentimentos verdadeiros.