“Mas eu já sou gentil e educado.”

É muito comum que, ao ouvirem falar de Comunicação Não Violenta (CNV), muitas pessoas pensem que se trata de alguma técnica de oratória, que ensina as pessoas a falarem mais baixo, de forma mais meiga ou suave. 

Esse é o primeiro mito que queremos desfazer: comunicar-se de forma não violenta não tem nada a ver com “ser bonzinho”, camarada, mister ou miss simpatia. Tem a ver com estar presente e consciente durante as interações sociais, sabendo tanto ouvir como também se expressar com autenticidade e generosidade.

Será que você é mais violento do que imagina em seu dia a dia? Faça um teste rápido. Visualize a seguinte situação: 

Seu colega de trabalho chega para você e diz:

“Que correria. Não tenho tempo para mais nada! Meu filho está indo mal na escola, meu carro está com defeito e o pior é que tem pilhas de trabalho na minha mesa. Ando muito cansado!”

Com sinceridade, o que você acha que responderia?

  1. Ah, a vida é assim mesmo. Vivemos na correria e o serviço por aqui só aumenta!
  2. Nem me fale em correria. Hoje meu despertador não tocou e meu filho tinha prova no colégio. Pra completar, estou sem faxineira em casa há duas semanas!
  3. Ah, se seu filho está indo mal na escola, você precisa fazer algo a respeito antes que seja tarde demais! Vou te passar o telefone de uma professora particular!
  4. Puxa, realmente você está numa fase mesmo difícil. Já pensou em alguma alternativa para suavizar essa situação?

Se você se identificou com as alternativas 1, 2 ou 3, não se preocupe, você não está sozinho e isso não faz de você uma pessoa ruim.

É muito comum que não dediquemos tempo no dia a dia para de fato assimilar o que o outro está realmente dizendo. Nossa mente está tão sobrecarregada de informações que muitas vezes tendemos a dar respostas automáticas e a não prestar atenção naquilo que ouvimos. Antes mesmo de o outro terminar de falar, já estamos tagarelando e às vezes até “competindo” com a outra pessoa, comentando sobre o quanto nossos problemas são ainda maiores. Podemos chegar ao extremo de sequer saber o que responder porque simplesmente não ouvimos nada do que foi dito, tão absortos estávamos em nossos próprios pensamentos (quem nunca?).

Esse vídeo do Porta dos Fundos ilustra com muito bom humor essa situação de nunca ouvir realmente o que estão nos dizendo. Será que você conhece alguém assim? Ou pior: será que você mesmo não age assim de vez em quando sem perceber?

Quando estamos nesse corre-corre absurdo, não estabelecemos conexões verdadeiras com os outros (e nem conosco mesmos). O resultado é uma vida estressante, cansativa e, na maior parte das vezes, repleta de conflitos negativos. 

Parar para ouvir, conectar-se com o que o outro expressou e dar respostas de forma consciente, estabelecendo um diálogo franco e amoroso são as bases da Comunicação Não Violenta, tema do nosso curso.