Servidor Público Federal, atualmente na ENAP (GNOVA)
Dia 19 de janeiro, no lançamento do Programa HubGov, o servidor público federal, Fernando Kleiman, falou sobre o papel da WeGov e a importância da inovação para superar os desafios do governo.
Servidor Público Federal, atualmente na ENAP (GNOVA)
Dia 19 de janeiro, no lançamento do Programa HubGov, o servidor público federal, Fernando Kleiman, falou sobre o papel da WeGov e a importância da inovação para superar os desafios do governo.
Um "plano cartesiano" para o setor público
Entre os Séculos V e XV a Europa Ocidental vivenciou a Idade Média, com o predominante modelo de sociedade feudal. Neste período, existia pouca criticidade sobre os assuntos debatidos, pois se aceitava os estigmas da época como uma ordem natural – na maioria das vezes divina – dada a grande influência da igreja. Eis que surge um personagem com grande contribuição para mudar o padrão de pensamento – René Descartes.
Por se preocupar que o conhecimento tratasse apenas da “verdade”, criticava a filosofia da época por se assemelhar à uma coletânea de opiniões. Descartes sugeriu um método para construção dessas “verdades” (método cartesiano) – onde as afirmações devem passar por uma comprovação lógica e com procedimentos empíricos.
A palavra método tem origem grega (Metha + Hodós), que na sua origem significa “o caminho para a meta”. O conceito é amplamente utilizado na área de gestão por incorporar um “ceticismo metodológico”.
Se as atividades são eficazes para alcançar os objetivos estabelecidos, a estratégia é validada com sucesso. Caso contrário, não há argumento que justifique a manutenção dessas atividades, sendo necessário uma revisão na estratégia e nova experimentação. Desta forma, atingir um novo resultado significa um aprendizado institucional de um plano que funciona na prática.
Nas diversas organizações ainda é comum suposições baseadas em “sempre foi feito assim”, “falaram que não dá pra fazer”.
A cultura organizacional protege algumas práticas, mesmo que racionalmente não façam mais sentido. Por isso, a ausência de método acaba tornando “bom senso e intuição” os norteadores do trabalho. O risco do bom senso é o aprisionamento do pensamento crítico, que assim como ocorreu na Idade Média, é capaz de asfixiar a capacidade de inovação.
Uma mudança significativa que devemos considerar é a natureza dos problemas. No bom senso é predominante que os problemas tenham a imagem de “incêndios” que precisam ser “apagados” até que tudo se estabilize.
Já com o método, existe um outro tipo de problema. Trata-se da ambição por resultados melhores, atingindo um novo patamar de entrega de serviços. Desta forma, a clareza de objetivos mobiliza a equipe para encontrar novos métodos de trabalho e superar esse “bom problema”.
1. Definir o problema
Falconi define “problema” sendo um resultado indesejado. Por isso, afirma que instituições genuinamente preocupadas em melhorar seus resultados devem ter muitos problemas. Desta perspectiva, assumir os problemas não significa fragilidade, mas sim, compromisso com a evolução da instituição. O primeiro passo para o método é justamente a definição dos problemas. A distância entre o atual patamar de serviço e o patamar almejado é o “tamanho do desafio”. A sua clareza frente a equipe é o ponto central para que o método funcione.
2. Formular hipóteses
Outra questão importante é a formulação das hipóteses. Trata-se de suposições que irão mensurar o sucesso do “experimento”. As hipóteses podem estabelecer como o cidadão ficará sabendo da nova funcionalidade do serviço público, se esse cidadão espalharia o novo benefício no seu círculo social, se terá dificuldades na experimentação, se a instituição terá capacidade de atendimento em caso de divulgação viral. No geral, as hipóteses são divididas em hipóteses de valor, que mensuram a experiência com o usuário final do serviço, e a hipótese de crescimento, que mensuram as possíveis implicações da expansão do serviço.
3. Lançar o protótipo
No artigo Lean Government, comento que sejam construídos protótipos para validação das hipóteses. Ou seja, a orientação para a construir um serviço são as hipóteses, e não a imagem do “produto final”. As hipóteses podem ser testadas com limitação de escalas para evitar desperdícios. Quando o serviço estiver pronto para ser distribuído de modo amplo, já terá estabelecido o perfil do beneficiário do serviço público, solucionado problemas reais, e oferecerá especificações detalhadas para o que precisa ser desenvolvido.
4. Aprender e ajustar
A partir da experimentação, realiza-se uma análise de validação das hipóteses. É o momento de certificar que essas melhorias possuem importância para o cidadão, ajustando o protótipo com os feedbacks.
Implementar o método requer disciplina e interesse em aprendizagem organizacional. Da mesma forma que uma experimentação científica busca validar uma teoria, a execução de planos é o mecanismo para validar uma estratégia da instituição.
A inovação ainda está muito associada à características individuais, como criatividade e liderança. Apesar de serem características importantes, se estiverem desconectadas de um método desperdiça-se talento na tentativa de fazer algo diferente, e não necessariamente relevante.
O Método Cartesiano inspirou uma das mais profundas transformações da humanidade – a Revolução Científica. A contribuição do método se dá principalmente na mudança de modelo mental, onde as convicções da época começaram a ser colocadas “à prova”. Com isso, abria-se espaço para novos questionamentos, invalidando ideias infundadas e construindo novas tecnologias para a evolução da vida em sociedade.
No setor público em geral, as instituições possuem planos estratégicos, que são como as convicções da Idade Média quando não colocadas à prova. O método se torna importante para atribuir esse “ceticismo metodológico”, instaurando uma nova dinâmica capaz de construir estratégias com criticidade, que se mostrem efetivas ao ser colocadas na prática.
A WeGov entende que a inovação já acontece nas instituições com o talento dos agentes públicos. Porém, destaca o potencial de ampliar a capacidade inovadora do setor público se as instituições tiverem um olhar “finalístico”, que dê uma visão clara de problema e instigue a criatividade para conceber, testar e aprender a experimentar.
Secretário do Planejamento de Santa Catarina falou para WeGov
Dia 19 de janeiro, no lançamento do Programa HubGov, o Secretário de Estado do Planejamento, Murilo Flores, conversou com a WeGov sobre o futuro do governo, seus desafios e a importância da inovação.
Inovação, Comunicação e Gestão
Frequentemente, pesquisamos, acessamos ou recebemos ótimos conteúdos de diversas pessoas. A nossa rede costuma solicitar para a WeGov, materiais mais detalhados do que um texto de blog ou matérias de sites de notícias.
Vamos utilizar esse espaço para guardar todo conteúdo útil que encontrarmos: pesquisas, estudos de caso, métodos, toolkits e cursos – sobre Inovação, Comunicação e Gestão – voltados ao setor público.
Deixe sua sugestão nos comentários.
O post será atualizado com as sugestões da rede.
Aprecie sem moderação. Colabore, compartilhe e aplique em sua instituição.
1 Dá Pra Fazer – Gestão do Conhecimento e Inovação no Setor Público do iGovSP
2 Mapa com laboratórios de inovação no setor público, de diversos lugares do mundo, classificando o papel do governo em cada caso (fundador, cliente, parceiro…). Criado pela Parsons Desis Lab.
3 Mapa interativo da Nesta com instituições do setor público pelo mundo que estão usando a abordagem do design para ajudar a resolver desafios complexos.
4 Inovando para uma melhor gestão: A contribuição dos laboratórios de inovação pública. Relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento sobre os laboratórios de inovação no Setor Público, com estudos de caso do Uruguay e do Brasil. (em espanhol)
5 Service Design Impact Report: Public Sector – Inovação no setor público, estudos de caso de aplicação da metodologia de Design de Serviços, engajamento de cidadãos, e o futuro dos serviços públicos. Por Netherlands Enterprise Agency
6 Guia produzido pela Nesta e pela IDEO sobre uso de Design Thinking no Setor Público, com estudos de caso e ferramentas.
7 Dicas para endereçar as principais dores na entrega de serviços públicos: Mensagem inconsistente; conectando-se com o usuário; processos complexos; tecnologia ultrapassada; falta de responsabilização (accountability); falha para fazer acompanhamento. Por GovLoop
8 Avaliando a inovação no setor público na Dinamarca.
9 Pesquisa da Nesta, sobre inovações pioneiras em Democracia Digital, com o Laboratório Hacker, da Câmara de Deputados, como um dos casos estudados.
10 Observatório do Setor Público da OCDE mostra as Habilidades-chave para fomentar e viabilizar a inovação no setor público.
1 Pew Internet – Informações sobre o aumento no uso do Facebook nos EUA e a adoção de outras mídias (em Inglês).
2 Tendências das Mídias Sociais para 2017 – Ainda que tendências apenas apontem caminhos que podem mudar, vale sempre a pena estar antenado sobre o que o mercado enxerga como potencial. Aqui tem 10 previsões para 2017 que vão da diversificação de negócios das mídias sociais a chatbots. Por Kantar Ibope Media
3 El Gobernauta Latinoamericano – Estudo do Perfil dos Governantes Latinoamericanos nas Redes Sociais.
1 Curso online de Gestão Pública e Gastos Abertos da ITS Rio. Realizado pelo ITS Rio em parceria com a Open Knowledge Brasil. Apoio da Gastos Abertos e da Escola de Dados. A equipe de professores apresentará oportunidades e ferramentas para monitoramento, análise e visualização de dados orçamentários.
2 Novos talentos da Gestão Pública – Histórias de Brasileiros que estudaram fora do país, e voltaram trazendo novas abordagens para aplicar na administração pública. Por Fundação Estudar.
3 The Intersector Project Toolkit – Este Toolkit fornece conhecimento prático para profissionais de governos, empresas e ONGs. Para diagnosticar, projetar, implementar e avaliar colaborações intersetoriais.
Atualizado em 03/05/2017
E o Painel "Governo do Futuro"
No dia 19 de janeiro de 2017 a WeGov pautou com diversas instituições a urgência da inovação em Governo.
Foram mais 20 instituições que marcaram presença, entre elas a Secretaria de Estado da Fazenda, Secretaria de Estado do Planejamento, Secretaria de Estado da Comunicação, Secretaria de Estado da Segurança Pública, Secretaria de Estado da Saúde, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Ministério Público de Santa Catarina, Assembleia Legislativa, Tribunal Regional Eleitoral, Fapesc e Epagri, além das prefeituras de Joinville e Jaraguá do Sul.
Realizamos uma breve dinâmica como introdução – distribuímos uma folha em formato de matéria de jornal para cada participante, onde eles puderam escrever a manchete que gostariam de ler em 2032 (daqui a 15 anos) envolvendo a sua instituição. No final deste post, destacamos algumas manchetes.
Para apoiar a inovação nas instituições públicas, a WeGov apresentou o Programa HubGov 2017 com o tema “Governo do Futuro”. O HubGov irá auxiliar os participantes a propor soluções inovadoras de um desafio institucional através das trilhas de aprendizado e mentorias. Tudo isso em um ambiente colaborativo para inspirar as equipes na criação de protótipos, soluções inovadoras e acesso a uma Comunidade para troca de experiência entre os participantes.
A adesão ao Programa HubGov deve ser feita até o dia 2 de março. As atividades iniciam no dia 7 de março de 2017.
Apresentamos um painel composto pelo mediador André Tamura, da WeGov, Fernando Kleiman da ENAP (representando o Laboratório de Inovação do Governo Federal – G*Nova) e Moacir Marafon, da Softplan.
O painel destacou as intensas transformações sociais e tecnologias, e sob tantas mudanças, cabe às instituições públicas se envolverem nessa nova dinâmica de inovação. Caso contrário, há um inexorável movimento de obsolescência dos serviços públicos e desgaste institucional.
Os participantes fizeram um breve exercício de “criar um futuro”, descrevendo uma notícia que gostariam de ler sobre a sua instituição em 2032. As notícias escritas demonstram os anseios e expectativas de um Governo inovador, sob a ótica dos próprios agentes públicos:
Laboratórios de Inovação em Governo são extintos, uma vez que a cultura da inovação já é realidade prática em todas as esferas e poderes como espaço aberto de participação da sociedade .
Boas decisões do Governo são tomadas na base de conhecimento gerada por nossas cidades inteligentes .
SC apresenta para o Brasil um ecossistema de inovação constituído pelos setores da saúde, educação e segurança .
Cidades brasileiras consolidadas como Human & Smart Cities apresentam IDH comparável às melhores cidades do mundo .
Após consolidação da plataforma digital colaborativa de criação e manutenção de leis, o poder legislativo extingue o cargo de vereador. Todas as leis serão criadas, apreciadas e votadas pelos próprios cidadãos .
O desafio do pensamento enxuto na gestão pública
Um fato histórico que chama a atenção é a capacidade do Japão ter se reerguido após ter sido inteiramente devastado após a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). Um dos pontos mais importantes dessa superação foi o modelo gerencial utilizado para a alavancagem da economia industrial, conhecido como Produção Enxuta, ou Toyotismo na indústria automotiva.
O fluxo de produção industrial praticado até então, era produzir primeiro e vender quando já dispunham de grandes estoques. Porém, as indústrias japonesas com recursos limitados não podiam arcar com custos de estoques e excedentes de produção em um mercado economicamente frágil. Nesse sentido, a Produção Enxuta sugere que toda a cadeia de suprimento e sistemas de produção tenham a capacidade de se moldar para atender demandas específicas. Essa estrutura flexível faz com que “o que é produzido” e “como é produzido” acompanhe a demanda.
O tema Produção Enxuta passou por adaptações para diferentes contextos. Atualmente, Eric Ries apresenta no livro “A Startup Enxuta” um modelo de gestão que utiliza princípios do pensamento enxuto para Startups. O ponto central é que as startups devem construir seus modelos de negócios a partir de experiências reais bem sucedidas, considerando os erros que podem ser cometidos ao longo da jornada na tentativa de validar a proposta de valor de seus produtos e serviços.
Assim como na Produção Enxuta, a manufatura se flexibiliza conforme as solicitações do mercado, uma startup deve ter todo o modelo de negócio ajustável às percepções e feedbacks dos clientes (percepções estas, que mudam em ritmo cada vez mais acelerado). Percebe-se que a Produção Enxuta ou a Startup Enxuta possuem suas estruturas flexíveis e suas atividades concentram-se em atender objetivos e solicitações de clientes reais, retirando da operação atividades não relacionadas ao que o seu público espera.
Por outro lado, o setor público possui uma estrutura mais rígida e, por vezes, falta flexibilidade para responder com mais agilidade aos feedbacks dos cidadãos, e pragmatismo para transformar a criatividade em soluções inovadoras. Nesse sentido, surge uma nova proposta – a aplicação do Pensamento Enxuto no Governo. Trata-se de uma tentativa de transformar o setor público em uma instituição catalisadora de ideias em soluções.
Mantendo a essência do Pensamento Enxuto, gestores públicos podem desenvolver novas soluções com uma dinâmica ágil e flexível a partir da interação, iteração e testes em pequena escala com o cidadão. O feedback gera aprendizados significativos para que programas sejam lançados com sua proposta de valor validada, o que permite investimentos públicos mais assertivos.
Diferentemente do setor privado, o Governo não pode “segmentar mercado” e escolher ter uma expertise de negócio para uma população única específica. O governo representa toda a população e por isso precisa desenvolver programas para toda a sociedade. Justamente essa característica única torna a gestão pública especialmente complexa.
Na tentativa de atender toda a população que a esfera representa, o governo acaba assumindo grandes riscos para lançar programas com escalas gigantescas de uma vez. Por mais que seja uma ação bem intencionada é incrivelmente difícil criar serviços em grande escala, com indicadores de resultado efetivos, e experiência positiva para todos os envolvidos.
Uma vez lançados os serviços, o custo de adequação às necessidades é lento e custoso – é sempre “Um Maracanã” de tudo. Por outro lado, o Pensamento Enxuto propõe que somente a partir da constatação empírica de valor, em escala menor, para o cliente – no caso aqui, cidadão – se construam operações maiores.
Grandes volumes de recursos podem ser alocados desenvolvendo serviços e funcionalidades que não necessariamente são prioridades do cidadão ou deixando de atender expectativas importantes. Além disso, ao despender um longo período construindo um projeto com pouca agilidade, corre-se o risco das expectativas terem mudado entre o período de ideação até o lançamento.
O Ciclo de Feebdack é um tema central do livro “A Startup Enxuta” e pode dar insights sobre como o Pensamento Enxuto pode ser aplicado no Setor Público.
A prática de se criar cargos, departamentos e procedimentos apenas “para inglês ver“, não são adequadas ao conceito de “lean Government”. Um Governo Enxuto não significa necessariamente um Estado menor, com menos servidores, recursos disponíveis ou serviços públicos. O termo “Enxuto” atribui um novo significado sobre o papel da “estrutura organizacional”. Neste modelo, a estrutura se molda conforme a jornada de descobertas empíricas sobre como resolver os problemas da instituição.
O Pensamento Enxuto é especialmente valorizado e aplicado em contextos de crise e incerteza. Ao incorporar esse modelo na sua instituição, o desafio é fazer o ciclo de feedback girar cada vez melhor e mais rápido. O volante não pode parar.
A WeGov entende que o desperdício no processo de inovação em governo pode ser evitado, desde que as causas dos desafios das instituições sejam compreendidas profundamente. Para descobrir como ir além do discurso e entender porquê inovar no governo, entre em contato com a gente.
E o que fazer para levá-la até lá
A inovação no setor público é uma pauta atual. Ela aparece cada vez mais nas agendas e nos programas das instituições. Isso é ótimo pois os problemas complexos que precisamos resolver, e que pulam em nossas timelines, normalmente estão relacionados com as competências das nossas instituições públicas. E a inovação no setor público é fundamental para solucioná-los.
Porém, existe uma camada do setor público, que parece completamente alheia a tudo que acontece no mundo, nenhuma inovação chega até lá. Essa “camada” – vou chamá-la de “umbral governamental (UG)”– é dominada por ações inexplicáveis. Vou explicar um pouco sobre esse umbral e mostrar como levar a inovação até lá.
Recentemente o IPEA divulgou, em nota técnica, uma pesquisa em que os servidores públicos responderam sobre suas percepções com relação à burocracia dos processos internos, questões logísticas, de tecnologia da informação e comunicação, entre outros.
A nota aponta caminhos para sair do “UG” e iluminar o trabalhos dos servidores.
No “UG” os servidores e agentes públicos vivem uma realidade paralela, aprisionados num universo onde as coisas perderam o significado. O trabalho não faz mais sentido. As pessoas que estão no “UG” não sabem as respostas e pararam de fazer perguntas.
Com todos os avanços que a gestão pública vem conquistando, o “UG” mantém-se impenetrável. Não há inovação capaz de superar o modelo mental que impera no “UG”. Não existe confiança e colaboração entre as pessoas, o “sistema” é sempre o culpado por “ser” sempre desse jeito. “É assim, eu não posso fazer nada.” – é a frase mais dita no “UG”.
É incrível e paradoxal para nós, que capacitamos servidores em inovação, termos que passar pelo “UG” em cada etapa do relacionamento com as instituições. Por exemplo, em uma das práticas do umbral, temos que enviar para os estagiários responsáveis, uma declaração reconhecida em cartório de que nós não empregamos menores na WeGov! Ficamos felizes de parecermos mais jovens do que somos, mas esse tipo de demanda tem um custo alto para todos.
As pessoas importam muito, e para sairmos do umbral, devemos prepará-las em suas competências humanas ao invés de dar-lhes um tipo de trabalho que um bom algoritmo pode fazer muito melhor.
Uma abordagem fundamental é a da motivação adequada das pessoas, não somente “acredite nos seus sonhos”, mas que possa entregar valor e significado para os servidores e que isso seja extrapolado em inovações no serviços ao público.
Autonomia: O servidor que tem liberdade de escolha para tomar decisões consegue inovar mais. Com o acesso à informação que temos disponíveis hoje, boa parte dos documentos requeridos, comprovantes, certidões e declarações podem ser checados e validados com buscas rápidas na internet e redes sociais. A autonomia do servidor público gera economia de recursos e celeridade nos procedimentos – inovações sempre bem-vindas.
Excelência: A maioria dos servidores públicos, possuem a ânsia de melhorar o umbral, eles buscam se capacitar e sabem que tem potencial para fazer melhor. Capacitar-se nas competências certas é fundamental para transformar o umbral, é importante buscar a excelência e conectá-la a um propósito. Se seguirmos buscando uma “excelência em datilografia”, o umbral vai prevalecer.
Propósito: Aqui a linha entre vida profissional e pessoal fica tênue, quase transparente. Um propósito maior que o próprio umbigo pode ser determinante para a transformação do umbral, a vontade de executar o trabalho em nome de algo superior (não do superior). Esse propósito é o que faz o servidor levantar da cama e resistir, mesmo depois de várias pancadas na cabeça. Vale lembrar que propósito e prazer são coisas diferentes.
Não sabemos o caminho das pedras para levar a inovação para as instituições e tirar os seus servidores do “UG”. De uma coisa temos certeza, se as inovações não chegam até lá, temos que criar inovadores que possam trabalhar para sair.
Um servidor público com autonomia, que busque melhorar suas competências e tenha um propósito maior do que conforto e estabilidade, pode transformar o “UG”.
Conheça a aceleradora governamental de startups
Na Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo de 2016, aconteceu o Startup Awards, um programa que reconhece e premia atores importantes do ecossistema de empreendedorismo brasileiro. A edição teve como vencedora da categoria Aceleradora o InovAtiva Brasil, uma iniciativa vinculada ao Governo Federal. As indicações e seleções foram feitas pelo público por meio de uma votação disponível no site.
O InovAtiva Brasil já recebeu mais de 5700 projetos e acelerou mais de 400 startups. De acordo com Jéssica dos Santos, da equipe do InovAtiva, o programa surgiu como uma iniciativa do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, em 2013, com apoio da Endeavor e da McKinsey.
Mas qual é a relevância para o governo de estimular o desenvolvimento de startups?
Com o intuito de demonstrar o impacto no ciclo econômico gerado por um ambiente de empreendedorismo e inovação, a OECD (2010) apresentou em conferência da Organization for Economic Co-Operation and Development o estudo sobre o programa de indicadores do empreendedorismo, conforme a tabela a seguir:
O papel de uma aceleradora é inserir uma empresa inovadora em um ambiente em que os fatores determinantes do empreendedorismo (como na tabela anterior) se apresentam em condições favoráveis para o seu desenvolvimento. Desta forma, o InovAtiva auxilia o desenvolvimento de empresas inovadoras, especialmente de base tecnológica, para se prepararem para fortalecer o mercado Brasileiro.
O InovAtiva Brasil tem realização do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e do SEBRAE, e é executada pela Fundação CERTI, baseada em Santa Catarina. Entre os parceiros estão o BNDES, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Empresas Inovadoras (ANPEI), além de contarem com uma ampla rede de apoio.
O programa propicia o fortalecimento de empresas inovadoras por meio de capacitações gratuitas, mentoria nacional e internacional, formação de uma rede de parceiros, investidores e grandes empresas, entre outras vantagens. O conteúdo da capacitação online é aberto a todos, mas há uma seleção de empresas para participar do programa completo de aceleração, e essas devem preencher alguns requisitos.
As empresas que podem se inscrever para participar do programa devem ter características inovadoras, mas podem atender a qualquer setor. Devem estar em fase pré-comercial, ou para as que já estão estabelecidas, devem ter um faturamento anual que não ultrapasse R$3,6 milhões de reais, além de não poderem ter recebido investimentos acima de R$500 mil.
O programa InovAtiva Brasil acontece desde 2013, e em 2016 passou a ser semestral, dando mais chances de participação às empresas que querem ser aceleradas.
Joni Hoppen, CEO da Startup Aquarela, empresa que extrai padrões de comportamento em dados para otimizar a operação dos clientes utilizando inteligência computacional, foi uma das Startups aceleradas pelo programa.
Joni destacou que o InovAtiva contribuiu para a definição do produto principal da Aquarela – o Vortx – e também na evolução da empresa, que ganhou visibilidade internacional, já que foi uma das 14 selecionadas para ir a Londres e Manchester, na Inglaterra, apresentar e testar seu produto. Ele ainda salientou que o programa oferece um checklist com os pontos essenciais que os empreendedores devem ter em mãos para estarem mais preparados para o mercado.
Para ele, o principal diferencial do programa está na “capacidade do governo conseguir escalar um treinamento via educação a distância, de centenas de pessoas ao mesmo tempo, em um tópico de grande relevância social que é o empreendedorismo inovador, de base tecnológica”. Uma das características mais importantes para o CEO da Aquarela, é que o programa é feito com baixo custo e com uma grande rede de voluntários atuando no compartilhamento de conhecimento.
Recentemente, o programa lançou uma vertente chamada “InovAtiva de Impacto”, que foca em Startups que já passaram pelo programa de aceleração, e que tenham como missão da empresa ter um impacto social ou ambiental. Entre as empresas selecionadas para essa nova aceleração estão a Startup ePHealth, um aplicativo que faz o mapeamento de doenças crônicas com o objetivo de reduzir hospitalizações e consequentemente desonerar o sistema de saúde, e a Faz Games, um software para criação de jogos educacionais, por alunos e professores.
Em 2017 dois novos ciclos irão acontecer, e as inscrições para o primeiro ciclo devem abrir em Janeiro.
Inovativa Brasil
Inovativa Brasil é eleita melhor aceleradora do país no Startups Awards 2016
O que é uma Startup
OECD. Measuring Entrepreneurship: The OECD-Eurostat Entrepreneurship Indicator Programme, OECD Statics Brief,No 15, novembro de 2010.
SHIGAKI, Lincon Eiji.S. Análise do papel das instituições partícipes da hélice tripla: um estudo de caso do ecossistema de empreendedorismo inovador de Florianópolis. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Administração. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2016.
Texto escrito pela WeGov e publicado dia 24 de novembro de 2016 no site Politize!.
Para identificação digital no Brasil
Na última quinta-feira (8/12), a Open Knowledge Brasil lançou o “Manifesto para Identificação Digital no Brasil”.
O objetivo do Manifesto é que sociedade se posicione em relação à privacidade e segurança de dados pessoais dos cidadãos, para tornar algo de tamanha importância – identificação digital – uma iniciativa transparente, segura, que não agrida liberdades.”
Thiago Rondon , conselheiro da Open Knowledge Brasil.
O Manifesto para identificação digital no Brasil é uma carta de princípios que visa assegurar que as iniciativas implementem tecnologias digitais na identificação do cidadão no Brasil e possam assegurar os direitos básicos à privacidade e liberdade de expressão, além de ter, como norte, a segurança e o direito à propriedade dos próprios dados, ainda que estes estejam armazenados em servidores de terceiros.
É importante destacar que o Manifesto é um documento vivo. Abrimos um processo de consulta e aprimoramento dele no Github.”
Ariel Kogan , diretor-executivo da OKBR.
A OKBR vai buscar que autoridades responsáveis pela iniciativa dentro do governo se comprometam com os princípios do Manifesto, que será entregue para as autoridades do TSE, Ministério do Planejamento e Ministério da Transparência do Governo Federal.
Para receber novidades sobre o Manifesto, preencha o formulário. Confira a versão atual do Manifesto.
E contribua com o processo de criação: no Telegram ou no GitHub. Abaixo, segue a primeira versão do Manifesto para identificação digital no Brasil .
A identificação civil no Brasil está sendo debatida e redesenhada com o debate em torno do ICN – a Identidade Civil Nacional. Paralelamente, surgem iniciativas para organizar e sistematizar modelos para a identificação digital do cidadão brasileiro – e o perfil que ela assumirá será fator determinante para a isonomia, garantia de direitos e inclusão digital no país.
Entendemos que a sociedade é parte fundamental nesta discussão e, portanto, lançamos o “Manifesto para a proteção da identificação digital no Brasil”. Este manifesto é um convite para que cidadãos, organizações da sociedade civil e empresas subscrevam estes princípios, orientando o uso de tecnologias para identificação digital na sociedade brasileira.
Tratar de identificação digital também é falar de cidadania, segurança e privacidade do cidadão. Sistemas de identificação digital devem garantir que os cidadãos tenham controle e confiança sobre como as suas informações serão utilizadas em um sistema de identificação, que deve ser construído privilegiando a transparência e controle do cidadão sobre seus dados e reprimindo qualquer utilização abusiva ou vazamento indevido destes.
Os princípios que devem ser considerados na implementação da identificação digital no Brasil são:
O cidadão deve ter acesso a todos os seus dados pessoais constantes no sistema de identificação, assim como saber quem teve acesso a estes e para qual finalidade, de maneira facilitada, clara e sem custos.
Os dados pessoais só podem ser utilizados com o consentimento do cidadão ou quando for autorizado por dispositivo legal ou regulamentar.
O cidadão detém o poder sobre os seus dados e deve poder gerenciar seus dados pessoais, incluíndo atualizá-los, removê-los ou compartilhar, de acordo com sua livre vontade, bem como obter, a qualquer momento, cópia de seus dados e da utilização que deles foi feita
Os dados pessoais só devem ser coletados na medida necessária para a realização de uma determinada finalidade, não podendo ser excessivos.
Os padrões utilizados para a infraestrutura de dados devem ser documentados e divulgados publicamente, afim de garantir a confiabilidade da arquitetura utilizada.
Os dados em um sistema de identificação devem ser padronizados de modo a poderem ser indistintamente utilizados pelos setores privado e o público, incorporando a portabilidade destas informações nas respectivas culturas organizacionais.
Deve-se evitar duplicidade no armazenamento de dados de cidadãos pelo setor público, através de medidas como a utilizacão de padrões e a definição de responsabilidades sobre categorias de dados, evitando desperdício, redundâncias e principalmente permitindo o controle efetivo pelo cidadão sobre seus dados.
Os dados pessoais devem ser mantidos em ambiente seguro e todos aqueles que dispuserem de acesso ao sistema de identificação deverão observar estes princípios e ter suas políticas e práticas de segurança e proteção de dados divulgadas publicamente certificadas por autoridade competente.
Deve ser oferecidor acesso de forma simples e facilitado para diferentes fatores de autenticação, que possam ser realizados por provedores de identidade distintos.
A identificação digital deve ser opcional.
A identidade digital pode ser integrada aos demais registros
As aplicações e os serviços devem possibilitar que o cidadão carregue consigo os seus próprios dados pessoais, em dispositivo ou meio de armazenamento pessoal, podendo os mesmos serem verificados e assinados digitalmente por uma autoridade competente e essa certificação ser utilizada quando do uso da aplicação ou da prestação de serviço, quando for necessário, com a permissão de seu titular.
Os bancos de dados pessoais podem existir apenas nas situações onde a natureza da aplicação ou da prestação do serviço for tal que seja tecnicamente impossível de operar sem o acesso em lote a múltiplos registros de dados pessoais, desde que a sua coleta e o seu uso sejam consentidos pelo cidadão.
Os princípios descritos neste Manifesto são fundamentais para uma identificação digital universal, transparente, segura e que promova a cidadania, garanta a privacidade, combata fraudes, seja facilmente compreensível, promova a inclusão em serviços públicos e privilegie a autonomia do cidadão quanto às decisões sobre o uso dos seus próprios dados.
Esperamos que o governo federal se comprometa e garanta os princípios aqui descritos, para garantir à sociedade brasileira o direito à privacidade e liberdade com o objetivo da consolidação de uma sociedade com inclusão digital transparente e escalável.
Open Knowledge Brasil lança Manifesto para identificação digital no Brasil https://t.co/s6BmB2KXSf #destaque
— OpenKnowledge Brasil (@okfnbr) 9 de dezembro de 2016
Festival Social Good tem a resposta
Nos dias 4 e 5 de novembro, durante o Festival Social Good Brasil, aconteceu o painel: Crie o futuro com modelos inovadores. A WeGov perguntou: “Para um futuro melhor, qual o papel do governo, além dos tradicionais “dar dinheiro” ou “sair da frente?”
O Festival SGB reuniu muita gente boa e comprometida com inovação por um futuro melhor. Nossos parceiros, equipe, voluntários, painelistas, facilitadores de oficinas, quem veio presencialmente, quem assistiu online e acompanhou nossa cobertura pelas redes sociais… Todos fizeram deste evento um sucesso, proporcionando na gente uma satisfação daquelas de dormir feliz e manter o brilho no olho até agora. Sabem como é? Esperamos que muitas sementinhas também tenham sido plantadas por aí.”
Equipe Social Good
Como incorporá-la nos Governos burocráticos
Governos – essas organizações burocráticas, ineficientes, que todos conhecemos – estão cada vez mais querendo se reinventar e reinventar seu modo de trabalhar. As startups nos governos podem ser uma grande fonte de inspiração para isso. Os Governos podem se adaptar a uma mentalidade de startup tanto internamente, por meio do “intraempreendedorismo”, quanto externamente, ao negociar melhor com essas empresas.
No passado, pregava-se que “os governos deveriam operar mais como o setor privado”, mas buscar inspiração em startups é diferente dessa noção banal. O velho discurso comparava tipicamente grandes instituições do setor público a grandes instituições do setor privado. Aumentar eficiência operacional costumava ser a conclusão principal, mas isso não é o que irá fomentar inovação. Por essa razão, há um número crescente de organizações – tanto públicas quanto privadas – buscando os intraempreendendores para se tornarem verdadeiramente inovadoras.
Intraempreendedorismo público é o ato de se comportar como um empreendedor dentro de um governo em um processo de risco assertivo.”
Existem três princípios chave que precisam ser mantidos em mente ao se fomentar inovação no setor público:
Errar mais rápido
Projetar processos de trabalho que aumentem a velocidade de execução e evitem a “fita vermelha”. Governos são caracterizados por regimes regulatórios pesados e sua resistência à mudança. Startups, por outro lado, são guiadas pelo jeito “enxuto” de trabalhar. A Startup Enxuta prega três passos que foca na iteração: construir produtos e serviços, medir a performance e aprender com isso. O Serviço Digital do Governo Britânico é um ótimo exemplo de uma organização governamental que implementou um modelo ágil de trabalho.
Colaborar mais
Criar competições e desafios que procurem atingir objetivos ousados. Ao redor do mundo, hackathons tem sido organizados para inovar a maneira que os governos estão trabalhando. A cidade de Ghent, na Bélgica, criou o desafio “Apps4Ghent” para desenvolver aplicativos que melhorem a qualidade de vida em Ghent.
Misturar os interesses
Co-criar valor com cidadãos ao buscar ideias deles. A cidade de Ostend, por exemplo, tem uma plataforma do CitizenLab para escutar as ideias e sonhos de seus habitantes. Baseado no insumo dado pelos cidadãos, os projetos da cidade são criados e priorizados. Dessa maneira, a entropia é convidada para dentro do governo ao invés de ser mantida a distância.
Atualmente, é comum associar inovação à digitalização da organização. Nós vimos muitas nações criando “agendas digitais” para manterem-se atualizadas com a tendência do governo eletrônico (eGov), e com as necessidades dos cidadãos.
Com o objetivo de aumentar eficiência, alguns governos percebem que eles precisam corrigir contratos e receber startups. A Agenda Digital Belga, por exemplo, quer dar suporte à inovação dando chance a startups em contratos governamentais.
Aqui estão algumas dicas sobre como abrir contratos públicos para startups participarem dos governos (mais especificamente, no caso Europeu):
Explicitar o contrato
Publique um guia claro de contratos públicos. Isso irá fornecer a empreendedores a mesma informação que apenas fornecedores estabelecidos já tiveram. Não apenas o próprio procedimento, mas os requisitos de participação não são amigáveis para startups. A cidade de Los Angeles divulgou um documento online que guia as startups para o processo contratual.
Hackear o sistema
Procure por “hacks” do contrato dentro do governo. Como mencionado anteriormente, a “fita vermelha” pode muitas vezes ser o assassino da inovação dentro dos governos. Essa é a razão pela qual todos os servidores públicos deveriam ter bom conhecimento de regulações de contratos públicos. Com esse conhecimento, eles podem então olhar por outras soluções que poderiam ajudar a acelerar os processos de contrato. O departamento de educação da cidade de Nova Iorque mapeou visualmente todo o processo do contrato e ganhou insights sobre como “hackear” o regime regulatório.
Um novo mercado
Crie programas para comprar de startups. Organizações governamentais frequentemente não tem disponíveis as habilidades necessárias para desenvolver internamente soluções tecnológicas, além de ter orçamentos limitados. Essa é a razão pela qual comprar SaaS (Software as a Service) de startups pode ser uma boa solução. A cidade de Antuérpia percebeu isso e começou o programa ACPaaS. Esse programa divide os desafios técnicos em blocos e convida startups a aplicarem para eles.
Na incrível velocidade de inovação atual, instituições públicas não podem simplesmente arcar com a possibilidade de ficar para trás, e muito menos com a responsabilidade de permitir que nada de melhkor aconteça. Por isso, uma mudança cultural é necessária para ajudá-los a sair da burocracia extrema para um modo de trabalho mais ágil e enxuto.
Recentemente um programa de fomento à inovação, que só é possivel, graças a participação do Governo, recebeu o prêmio de Melhor Aceleradora de Startups do Brasil. O Concurso de Inovação, promovido pela Enap, tem apontado cada vez mais para verdadeiras inovações no governo, muitas delas sendo criadas a partir da mentalidade de startups.
Felizmente, há muitos ótimos exemplos que acabam com o mito do estado pesado e estático – como os exemplos dados neste artigo, e outros. Se você tem outras iniciativas governamentais que ajudam a fomentar a inovação, fale sobre ela nos comentários. 😉
A WeGov escreve quinzenalmente para o Politize! sobre casos de inovação no setor público. Acompanhe!
Este texto foi escrito por Aline Muylaert para o site CitizenLab, e traduzido e adaptado pela WeGov.
Saiba como foi participar do evento
Estive nos dias 21 e 22 de Setembro em Brasília, na Semana de Inovação em Gestão Pública promovida pela ENAP e pelo Ministério do Planejamento. Assisti a algumas das palestras e oficinas que rechearam a programação de um evento muito bem organizado, que tenho certeza que inspirou muitos servidores a promoverem mudanças nas suas instituições.
Thomas Prehn, do laboratório de inovação em governo da Dinamarca – o MindLab – e Kasper Munk, do Instituto de Tecnologia Dinamarquês fizeram uma palestra magna no dia 21, trazendo o conceito básico de inovação como “criação de valor”, e complementaram com o poder e o potencial que prototipar e testar tem para reduzir o risco do governo errar ao implementar projetos.
Além disso, falaram sobre a importância de envolver o cidadão na criação de soluções para promover o crescimento social. Em resposta a perguntas dos servidores sobre como os cidadãos julgariam ver seu dinheiro gasto em “projetos que falham” (no caso de protótipos que não dessem certo), eles enfatizaram a importância de se fazer processos abertos e honestos com os cidadãos, incluindo-os no processo. Apontaram como desafio colocar a cidadania como central para o governo.
Na tarde do dia 21, os representantes do MindLab e do Instituto de Tecnologia Dinamarquês facilitaram uma oficina, em que instigaram a prototipação de espaços de trabalho que sejam pensados com o objetivo de facilitar a inovação dentro do governo. Os grupos tiveram que idealizar o espaço físico de acordo com os valores que os servidores deveriam ter para permitir um ambiente mais inovador.
No dia que encerrou a II Semana de Inovação, participei da Arena Força Tarefa de Finanças Sociais que apresentou um novo modelo de investimento em negócios de impacto social, uma parceria público-privada que está em funcionamento na Europa, e tem exemplos em países como Portugal e Inglaterra praticando esse modelo. O modelo se chama “Contratos de Impacto Social” (Social Impact Bonds), e foi apresentado pela empresa SITAWI e pela ONG ICE.
O propósito da Força Tarefa, ao articular Contratos de Impacto Social, é:
Articular nossa rede de relações para atrair investidores, empreendedores, governos e parceiros para que façam acontecer modelos de negócios rentáveis que resolvam problemas sociais ou ambientais e, com isso, mudem a mentalidade sobre como gerenciar recursos e necessidades da sociedade.”
Assim, o modelo propõe que uma empresa assuma o risco de contratação dos negócios sociais ou ONGs que tenham uma solução para problemas da sociedade que o governo tenha interesse em resolver, mas não tenha uma solução efetiva. O governo coloca uma meta de obtenção de resultados, e paga à empresa financiadora, somente se a meta for atingida pelo negócio social/ONG. A auditoria do processo é feita por uma quarta entidade (que no caso do exemplo Britânico apresentado, era uma universidade), para confirmar, ou não, o atingimento das metas. Na Europa não há legislação que permita os Contratos de Impacto Social, mas cada país está lidando com isso de uma maneira diferente.
No Brasil, a Força Tarefa de Finanças Sociais fez um acordo de cooperação técnica com MDIC, Sebrae, CAIXA, BNDES e MPOG para viabilização desse modelo.
A última Arena da qual participei foi facilitada por Ana Neves, e contemplou modelos de compra que tem sido praticados em diferentes governos europeus, como os Contratos de Impacto Social que citei anteriormente. Outro modelo apresentados foi o “Pre-Commercial Procurement” (Contrato Pré-Comercial), em que não há uma solução clara no mercado para um problema e nem se espera que seja criada em um futuro próximo. Assim, o governo dá dinheiro de P&D a diferentes empresas para que desenvolvam soluções. Os contratos pré-comerciais também não estão legislados na União Europeia.
Por fim, Ana Neves citou o Feriado Normativo (Right to Challenge), que é o pedido de isenção a uma lei durante período determinado, que foi exemplificado com casos da Dinamarca, Holanda e Reino Unido.
Todas as palestras e arenas são gratuitas e o conteúdo é bastante rico. Fica a recomendação para participar no próximo ano 😉
Instigando a inovação
Inovação é o tema da vez. Adoramos conhecer e consumir produtos e serviços inovadores, que apresentam uma exclusividade em qualidade ou tecnologia. Essas empresas inovadoras têm em comum o propósito de construir um ‘mundo novo’ por meio dos serviços e produtos. No seu DNA, possuem a estratégia deliberada de moldar o futuro “com suas próprias mãos”, lançando constantemente inovações para a sociedade.
Por outro lado, o setor público avança em um ritmo diferente das inovações nascentes e do mundo das startups. O Brasil (e outros países) enfrenta uma série de dificuldades para regulamentar o Uber, as secretarias fazendárias ainda não sabem ao certo o que representa e como acompanhar o livro-razão dos bitcoins (moedas virtuais de circulação global).
Políticas públicas parecem estar em uma posição reativa às transformações sociais. Porém, meu lado idealista reflete sobre como seria a sociedade, se a gestão pública também compartilhasse do DNA de moldar o futuro. Nesse sentido, vejo um potencial imenso, em se apoiar em políticas e serviços públicos para promoção do desenvolvimento humano e social em larga escala.
Aproveitar esse potencial de transformação social, passa pela consolidação de uma cultura de inovação. Em um primeiro momento, irá responder mais rapidamente às transformações sociais. Em seguida, protagonizará a ideação e co-criação de soluções para os problemas vigentes da sociedade.
Em 2007, Samuel Hunter da Universidade de Oklahoma, se propôs a investigar as variáveis com maior impacto na cultura de inovação. A pesquisa revelou que o principal motor da inovação está relacionado ao “senso de desafio” dos funcionários da linha de frente.
Rompe-se, portanto, que a inovação depende, a priori, de criatividade, inspiração ou genialidade. O principal motor é a forma com que os desafios são percebidos pelas pessoas da empresa. Esse indicador reflete a crença compartilhada em apoiar a criatividade e inovação de forma a criar uma cultura onde “correr riscos” é aceitável e até encorajado dependendo no nível desse risco.
1. Encontrar o Sweet Spot
O fator mais importante é entender o Sweet Spot (também conhecido como flow, na psicologia positiva). Trata-se de um sentimento de total envolvimento na realização de uma atividade. Nessa fase, o nível de concentração é elevado e o indivíduo está totalmente imerso no que está fazendo.
O Sweet Spot é entendido como o perfeito alinhamento entre o nível de desafio e competências do indivíduo. Por isso, o desafio não pode ser fácil demais para não gerar tédio. Por outro lado, não pode ser muito difícil e gerar ansiedade. É um momento de muita produtividade e satisfação pessoal em trabalhar e superar esses desafios.
2. Perceber o desafio como crescimento
A cada desafio superado, aumentam as habilidades e confiança do colaborador. Por isso, é preciso continuar ajustando o nível de desafio para os indivíduos. Usualmente os gestores pensam: “quem poderia resolver esse problema com facilidade e de forma rápida?”
E a pergunta certa para estimular o Senso de Desafio é: “A quem cabe a oportunidade de crescimento pessoal com esse desafio?” Desta forma, percebe-se que o desafio é “maior” do que a atual capacidade do indivíduo. Informalmente, a expressão “dar um osso maior do que se pode roer” é reproduzida em ambientes onde há uma valorização em atribuir e receber grandes desafios.
3. Desprender-se do que já existe
O Google passou a utilizar uma técnica de gerenciamento de metas com o nome OKR (Objetivos e Resultados-Chave na sigla em inglês). Nesse modelo, alcançar um resultado entre 60 e 70% da meta global é um ótimo resultado.
Definir uma meta muito difícil (praticamente impossível), possibilita destravar alguns modelos mentais importantes para a criatividade e inovação. A ideia é lançá-los o mais distante possível da zona de conforto, mas ser realista para cobrar os resultados.
Uma pergunta-chave para a incorporar a cultura de inovação é “Com que frequência a sua equipe está trabalhando no Sweet Spot ? “.
Uma vez que, a cultura da inovação está intimamente relacionada à como os desafios são percebidos, é importante despertar o lado idealista e conectar as atividades diárias com uma projeção de futuro do setor público.
A WeGov fomenta a cultura da inovação no setor público ressaltando esse “senso de desafio” nos agentes públicos. Por meio das nossas palestras, oficinas e eventos, promovemos um ambiente de aprendizado em temas inovadores, e instigamos o crescimento pessoal por meio do desafio que é, para cada agente, implementar novas práticas nas instituições públicas. Conheça nossa agenda e assine nossa newsletter para ficar por dentro disso.
Oficina aconteceu de 5 a 7 de outubro, em Florianópolis
Fomos pioneiros. Criamos e realizamos a primeira turma de Laboratórios de Inovação em Governo, para orientar a criação e operação de novos laboratórios em instituições públicas.
Laboratórios de Inovação em Governo, na prática, já tem 100 anos. Não são uma ideia nova, mas são extremamente importantes atualmente para que sejam criadas oportunidades para resolver problemas complexos de forma colaborativa e experimental, juntando governo, academia, cidadãos e empresas na concepção de soluções de interesse público mais efetivas.
Participaram da oficina servidores da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, dos Correios, do Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados, da Epagri, do Ministério Público Federal, da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, da Polícia Militar de Santa Catarina, da UDESC, e da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, de São Paulo.
Parte da oficina foi facilitada por Alvaro Gregorio, que, entre outras coisas, participou da criação do primeiro laboratório de inovação em governo do país, o iGovLab, do Governo de São Paulo. Alvaro falou sobre legislação, espaço físico, foco temático do laboratório, parcerias, governança. A segunda parte da oficina foi facilitada pela equipe da WeGov, que ensinou algumas metodologias e ferramentas para a formação dos laboratoristas, e também para a construção do plano de comunicação dos laboratórios dentro da instituição.
Foram dias de capacitação muito ricos e que proporcionaram um compartilhamento de experiências e geração de insights valiosos para os participantes. Mas melhor do que nós falarmos como foi a experiência, é poder ler alguns dos feedbacks dados por eles.
“Foi um período de reflexão e uma oportunidade de conhecer outras experiências de Laboratórios, em esferas, poderes, contextos, órgãos bem distintos.”
Pedro Brandão, Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados
Além do excelente conteudo apresentado, gostei da oportunidade de conhecer a experiência dos demais órgãos na implantação de laboratórios.”
Renato Deggau, Epagri
Aprenda usar as hashtags como técnica poderosa de Big Data
Hoje muito se fala sobre Hashtags. Quem usa de fato a antes das palavras para se informar? Não basta apenas ir no Google buscar informação? Não.
Neste texto vou mostrar o poder da hashtag como uma incrível técnica de Big Data.
Lembra da história do Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry? As aventuras da obra descrevem vários aspectos da natureza humana com uma precisão, profundidade e leveza impressionantes. Para quem nunca leu, fica a recomendação, é muito enriquecedor, principalmente se você já for adulto.
A história, em resumo, fala de um o menino ingênuo e sonhador que dividia seu pequeno planeta chamado B612 com uma rosa. De tempos em tempos, a vida se tornava chata e era necessário sair, viajar, explorar outros mundos. Aí o que ele fazia? Pegava carona em cometas para viajar e conhecer outros lugares. Aí é que entramos no tema das hashtags
“As estrelas são todas iluminadas…
Não será para que cada um possa um dia encontrar a sua?”
Antoine de Saint-Exupéry
Imagine que o planeta B612 é o seu o perfil do Twitter com a pequena rosa (foto do perfil). Você nota que todos os portais que você consome informação falam a mesma notícia, não é estranho? Então você precisa pegar um cometa e viajar até outros planetas para ficar melhor informado.
Pronto, chegamos as – Elas são os cometas que acessam rapidamente conhecimentos compartilhados pelas redes. As hashtags são uma revolução na disseminação da informação multimídia social em diversos contextos.
Imagine que milhões de pessoas estejam escrevendo milhares de coisas ao mesmo tempo, em milhares de idiomas, associando fotos vídeos, textos e etc. Como encontrar sentido em tudo isso, como navegar por todos esses planetas (contextos)?
Use as #hashs nas buscas como o Pequeno Príncipe usa os cometas. Conheça novas fontes de informação e reflita sobre suas viagens no mundo da informação. Como exemplo: Experimente ir na busca do Facebook ou Twitter #cachoeira, depois adiciona mais uma tag do seu estado #cachoeira #SC. Pronto? Ainda não, você pode filtrar os resultados tipo de mídia vídeos, textos, fotos e etc.
Os resultados serão compartilhamentos feitos pessoa de verdade que marcou sua experiência em vídeo e você ainda poderá contactá-la. Não é genial? E pensa só, se os seus conteúdos tiverem boas Hashstags, muito mais pessoas poderão conhecer o seu planeta B612, principalmente se o que você faz é algo relevante à rede.
O limite é somente a sua curiosidade e criatividade, que tal tentar uma busca pela hashtag: #VotoConsciente
Hashtags permitem acesso rápido a outros mundos de forma horizontalizada e menos vertical do que os meios tradicionais de comunicação.
Hashtags permitem que outras pessoas encontrem o seu mundo.
Esteja conformado que você nunca saberá tudo sobre todos, então use as hashtags com sabedoria para chegar rápido ao que interessa porque a vida é efêmera como a rosa.
O Google é útil, mas não deve ser a único cometa no universo para te levar aos lugares, falta ainda muito contexto a ele.
As hashtags apesar de simples, são muito poderosas e democráticas, feitas por todas as pessoas.
As hashtags nunca desaparecem enquanto houver conteúdo amarrados a elas.
Por hoje é isso. Se gostou, compartilhe este artigo com as #wegov e #aquarela
Foto: Mari Merlim