Pegue 1 xícara e meia de capacidade de escuta, 3 colheres de sopa de atenção, pitadas de percepção e gentileza, mexa bem e… E isso não vai funcionar!
Não há uma receita pronta para a empatia. Mas o principal é o seguinte: devemos passar a observar se, durante um diálogo, a comunicação está sendo interrompida ou não. E, se há interrupções, elas vêm de onde? Eu comecei a falar sobre mim e deixei de estar com o outro? Minha mente divagou e eu deixei de ouvir aquela pessoa? Eu fiz um esforço genuíno para entender o ponto de vista do outro ou me apressei em formular minha resposta?
Lembram do quiz que fizemos na aula “Mas eu já sou gentil e educado…? Vamos voltar e analisar cada uma das respostas:
Seu colega relatou que estava estressado e cansado com problemas com o filho, com o carro e com sobrecarga de trabalho:
“Ah, a vida é assim mesmo. Vivemos na correria e o serviço por aqui só aumenta! Tá ‘osso’ pra todo mundo!“
Reclamar é comum. E as respostas normalmente vêm automaticamente em nossa mente, com uma grande dose de conformismo. Nessa opção de resposta, não houve qualquer tipo de assimilação do que o colega disse, e tentou-se encerrar a conversa rapidamente.
“Nem me fale em correria. Hoje meu despertador não tocou e meu filho tinha prova no colégio. Pra completar, estou sem faxineira em casa há duas semanas!“
Às vezes você pode até estar bem intencionado em mostrar para a outra pessoa que a situação dela não é tão grave assim. Mas quando fala de você próprio, ainda por cima se vitimizando, está ignorando o sentimento alheio e interrompendo a comunicação. Isso é extremamente violento!
“Ah, se seu filho está indo mal na escola, você precisa fazer algo a respeito antes que seja tarde demais! Vou te passar o telefone de uma professora particular! Também vou te passar o contato de um mecânico nota 10 pra consertar seu carro!“
Você consegue perceber o que houve nesse exemplo?
Tem gente que é tão proativa que logo quer resolver o problema dos outros. E acha isso o máximo. Só que essa antecipação não tem nada de empática. Notem que não houve espaço sequer para o outro discorrer sobre o problema do filho. E ele nem mesmo pediu ajuda a respeito disso.
“Puxa, realmente você está numa fase mesmo difícil. Já pensou em alguma alternativa para suavizar essa situação?“
Vejam a diferença dessa última opção para as demais. Além de não se apressar em dar a solução ou em diminuir o sentimento do colega, o emissor demonstrou empatia ao reconhecer que a situação do outro de fato parece ser difícil. Ele então vai buscar abrir mais espaço para ouvir o colega sobre o que ele está sentindo.
Esse pode ser um exemplo de uma comunicação não-violenta e empática.