Dois ouvidos e uma boca

Ouvir

Talvez quando criança alguém tenha te dito, com uma vozinha enfadonha e em tom professoral: “Se você tem dois ouvidos e uma só boca é porque deve ouvir mais do que falar”. As chances são grandes de que quem te disse isso provavelmente estava apenas repetindo uma máxima que achava bonita, mas pouco a aplicava em sua própria vida.

A audição é um dos nossos sentidos naturais, mas nós, definitivamente, não somos educados para ouvir – e muito menos para escutar!

Ué, mas tem diferença entre uma coisa e outra? Tem, sim, senhor! Ouvir é um processo mecânico, o som que entra pelos nossos ouvidos. Escutar é ter atenção com aquilo que estamos ouvindo. 

Um dos melhores livros que já li sobre esse assunto é “O palhaço e o psicanalista“, dos autores Claudio Thebas e Christian Dunker. “Ouvir”, segundo os autores, é uma capacidade sensorial passiva. Já “escutar” requer postura ativa e sustentação da presença. Eles dizem que a escuta é “um ofício de alta imprevisibilidade”, pois, se verdadeira, pressupõe abertura total ao que o outro pode nos dizer. 

Em geral, nas nossas conversas, a gente se limita a meramente ouvir, e já engatilhamos respostas prontas na nossa cabeça. O escritor americano Stephen Covey, na maravilhosa obra “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”, diz: 

“A maioria das pessoas não consegue escutar com a intenção de responder. Elas estão sempre falando ou se preparando para falar. Elas filtram tudo através de seus próprios paradigmas, leem sua autobiografia na vida das outras pessoas.”

STEPHEN COVEY

Bem… tudo isso para dizer que: não existe empatia sem escuta. E se empatia é a base da Comunicação Não Violenta, escuta e CNV também tem tudo a ver (até rimou!).