Depoimento da Oradora da turma Fabiana Reis

Por Fabiana Reis (PRF), em 21/12/2020

Boa tarde, colegas, hubgovers, facilitadores e por que não chamá-los de inovadores. É com entusiasmo que chegamos a este dia. Iniciamos nossa jornada em setembro, cheios de expectativas e curiosidades, hoje estamos concluindo nosso primeiro programa de inovação.

Imagem capturada da tela durante evento de apresentação dos projetos

Entre encontros remotos e presenciais, vivemos as restrições impostas pelo distanciamento social. 2020 foi um ano desafiador e parafraseando McLuhan, não podíamos resolver problemas novos com ferramentas velhas.

Aprendemos design thinking, storytelling, construímos perfis, mas além das técnicas olhamos para o outro com empatia, querendo conhecer suas dores, praticamos comunicação não-violenta, mostramos nossas vulnerabilidades. Por isso, este programa foi tão assertivo, tão encaixado no tempo e no espaço.

Durante o programa, imersos, começamos a nos perguntar o porquê. À medida que as ideias surgiam, agrupamos e reduzimos as opções. Focamos na gestão da mudança. Tangibilizamos e testamos. Hoje, após três meses de trabalho, apresentamos cinco propostas inovadoras.

“Inovar não é uma tarefa simples e o tempo é fundamental para transformar boas ideias em resultado. Também é sabido que ideias surgem a todo momento e descobrir quais são realmente boas com uma abordagem prática e consistente é um dos grandes desafios de quem deseja inovar.”

KIT DE FERRAMENTAS – ENAP

Para que o ciclo da inovação continue; Identificando problemas, gerando ideias, desenvolvendo propostas, implementando e avaliando projetos, disseminando aprendizados precisamos da atuação em rede. E se o ponto inicial para inovar é o questionamento, terminaremos com uma pergunta: Como podemos fortalecer a rede de inovação na PRF?

Sabemos que a inovação prospera em grandes redes. Assim, o modelo de gestão implementado pela PRF favorece a inovação já que, em essência, o conceito de governança promove a integração, elemento necessário às redes. A governança multinível permite a liberdade de criação e inovação dentro de princípios legais e estratégicos do bem comum.

Dessa forma, meus amigos, como num quebra-cabeça em que cada um tem uma peça, vamos nos reunir para montá-lo. Trabalharemos para sairmos do conflito e da competição para o mundo da coalizão e colaboração. Haverá momentos de colapso e caos, mas também de ordem e controle.

Faremos as mais belas perguntas: Por quê? E se? Como? umas tantas vezes. Criaremos escolhas, tomaremos decisões.

A PRF que viveremos em 2028, ano do seu centenário, certamente será fruto dos valores que estamos entregando hoje: pessoas e processos formando um duplo diamante em força e beleza. Estamos juntos nesta jornada apaixonante de resolução de problemas e de aprendizagem.

Vimos o quanto podemos fazer juntos. Nosso time é forte. Desejo que cada um de nós nos enxerguemos como nós fortes nessa rede transformadora e que juntos possamos fortalecer a inovação na PRF.

Depoimento de Fabiana Reis (PRF), publicado aqui com autorização.

HubGov PRF

Por WeGov

Somos um espaço de aprendizado para fazer acontecer a inovação no setor público.

Nos trabalhos da WeGov, é comum termos na mesma sala pessoas de diferentes setores, áreas de conhecimento, experiências e percepções distintas sobre a inovação no setor público. Em alguma etapa, os trabalhos revelam – em nível individual, projetual ou global – três coisas sobre a inovação no setor público

1. Inovar é confuso

Em quase todos esses trabalhos, enquanto estamos fazendo as exposições e conduzindo as atividades, as pessoas demonstram desconforto e podemos perceber expressões de confusão. Algumas inclusive verbalizam o desconforto.

Eu ouço, fico animado e tento explicar:

“Vocês estão recebendo uma quantidade grande de informação e executando as atividades sob uma nova forma de trabalhar no setor público. Essa nova forma funciona de um modo bem diferente da lógica que vocês estão acostumadas. Diante disso, a reação comum mais esperada e mais humana das pessoas é mesmo ficarem confusas.”

É praticamente impossível ter um entendimento completo sobre inovação. Workshops e programas de inovação servem para os indivíduos e grupos desenvolverem um novo modo de enxergar o próprio trabalho, empurrar as barreiras (algumas até imaginárias) e aumentar as habilidades para delinear problemas reais (do presente e do futuro), propondo assim soluções mais adequadas à sociedade atual.

Para cada participante é dada uma permissão para assumir responsabilidade e autonomia de tomar uma decisão. No entanto, a não-linearidade do processo de inovação gera confusão. Geralmente, uma pessoa confusa se ausenta da responsabilidade de tomar decisões e busca um caminho conhecido, seguro e sem riscos.

2. Inovar é arriscado

Inovar é arriscado, sabemos disso.

Imagine que você está em um jogo e precisa escolher o que fazer em cada um dos cenários.

Cenário A: Você prefere a certeza de perder R$100 ou uma aposta que dá 50% de chance de perder R$200 e 50% de não perder nada?

Cenário B: Você prefere a certeza de ganhar R$100 ou uma aposta que dá 50% de chance de ganhar R$200 e 50% de não ganhar nada?

Se você é parte de 90% das pessoas que jogou esse jogo, respondeu que faria a aposta no cenário A e não faria a aposta no cenário B.  Ambos os cenários tratam da nossa propensão ao risco.

As pessoas só assumem riscos quando vão perder alguma coisa. Daniel Kahneman e Amos Tversky dizem, em sua teoria da perspectiva, que as pessoas são propensas a arriscar quando há uma possibilidade de perda.

Para um servidor público, “perder alguma coisa” pode ser extremamente subjetivo. Na maioria dos casos, os mecanismos e incentivos de reconhecimento para inovação se apresentam na forma do Cenário B: se você não fizer nada, você ganha; se fizer, e errar, você perde. O serviço público está perdendo por não se arriscar, com a ilusão de que está ganhando.

Além dos mecanismos e incentivos, temos uma narrativa cruel com servidores públicos que desejam inovar e assumem riscos. As pessoas ainda entendem inovação como algo supérfluo (com razão em alguns casos), que deve ser feito a partir do momento em que tudo estiver funcionando perfeitamente. Trago uma verdade: esse dia não vai chegar.

3. Inovar é ilegal

“Inovar no setor público é ilegal, por definição.” Eu ouvi essa frase em 2015, de uma pessoa que tenho muito respeito e admiração. Ao longo dos anos, a frase colou como um mantra nas conversas sobre inovação no setor público.

A princípio provocativa, a frase pode ser uma armadilha perigosa, pois reforça uma postura engessada padrão de não buscar novas caminhos para o setor público. Além disso, contribui para consolidar a narrativa que mantém uma percepção negativa da sociedade sobre esse profissional: o servidor público é aquele que não fará nada além do previsto, não resolverá o meu problema, mesmo em circunstâncias em que poderia fazê-lo.

Hoje, quando escuto a frase, gosto de pensar nos “fora-da-lei”, insurgentes e inquietos que têm trabalhado forte para mudar a cara do setor público. São os “loucos” que mudam o mundo

Um inédito mais do mesmo

Seguimos contribuindo com essa comunidade de inovadores públicos, cada vez mais fortalecida. O desafio atualmente é de manter-se consistente em duas frentes: atrair novas pessoas para a cultura de inovação e avançar a agenda para os já “convertidos”, que querem mais resultados.

Temos que construir a capacidade de manter, ao mesmo tempo, duas ideias opostas na mente: a forma como o setor público opera e a forma como a inovação acontece. E, ainda assim, conservar a habilidade de funcionamento deste setor.

Se está arrumado, ordenado e explicado não é inovador, é certo e seguro. A inovação é confusa, arriscada e “ilegal”.

Que a inovação esteja conosco!


Photo by Alice Achterhof on Unsplash

Por André Tamura

Pai e Marido. Fundador e Diretor Executivo da WeGov. Empreendedor entusiasta da inovação no setor público e das transformações sociais. Estudou Administração de Empresas e Ciências Econômicas. Desde que trabalhou como operário de fábrica no Japão, tem evitado as “linhas de produção”, de produtos, de serviços e de pessoas. Em 2017, foi condecorado com a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro.