Inovar não é fazer diferente, é fazer a diferença

Gabriela Tamura
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Inovações simples e poderosas (outras nem tanto) para capacitação em governo.

O que a inovação tem a ver com capacitação? Tudo? Nada? Resolvemos falar sobre isto para inspirar mais escolas de governo e empresas que trabalham com o tema, a inovarem nas suas capacitações, promovendo assim as mudanças na gestão pública.

Inovação em Capacitação

Temos um conceito sobre o que é inovar em capacitação, mas antes de transcrever este conceito para o texto resolvemos “dar um Google” e infelizmente nossas expectativas estavam certas.
Com raras exceções, como o texto de Roberto Agune e José Antônio Carlos, o que encontramos foram instituições utilizando o termo inovação em capacitação apenas como chamariz. Sendo que na maioria das vezes, o que fazem é apenas inserir a palavra sem que haja uma real prática inovadora no curso ou evento. Já encontramos algumas vezes o termo sendo utilizado em itálico, vai ver imaginam que é palavra de outro idioma…

Desafios das Escolas de Governo

Atualmente os cursos mais demandados são aqueles que fazem a máquina pública funcionar e continuar do jeito que está. É difícil conseguir viabilizar (fechar) uma turma de cursos que estimulam, por exemplo, a inovação e a criatividade para resolver os problemas complexos do governo e da sociedade. Deveríamos ter lista de espera para oficinas colaborativas de resolução de problemas, como as oficinas de Design Thinking no Serviço Público.
Certa vez Álvaro Gregório nos disse que temos que pensar cursos que ensinem como acabar com a lei que obriga a instituição pública a comprar caneta que não escreve e o papel toalha que não enxuga. Não devemos continuar aprendendo o que está errado e o que não funciona mais.
Ainda é alta a demanda por alguns cursos “tradicionais-burocráticos” que mantêm o status quo. Poucos destes cursos são realmente necessários e nenhum deles passa perto de contemplar inovação ou promover mudanças.

O que podemos fazer?

Inserir os conteúdos de inovação aos poucos. Já que ainda não podemos desconstruir totalmente os formatos e conteúdos que são necessários para quem trabalha dentro do governo, que tal inserirmos algumas ações inovadoras dentro daquele contexto?
Por exemplo, num curso para assessores de imprensa falamos sobre wikicidades e gestão colaborativa ou até mesmo num curso sobre licitações podemos inserir casos reais de instituições que realizam compras sustentáveis, apresentar editais que já estão fazendo alguma diferença nas compras públicas. Promover momentos onde as pessoas parem para refletir e expor suas dificuldades e pensar maneiras de resolvê-las.
Atualmente, a maioria dos cursos já possui o conteúdo programático do que será discutido, com início, meio e fim bem definidos e mal há espaço para os participantes exporem suas frustrações, conhecerem-se e ajudarem-se.

A WeGov trabalha em rede

Desde o momento de elaboração e construção das oficinas e eventos tentamos inserir elementos novos. Cada vez mais realizamos, antes de cada curso ou evento, as ‘rodadas’ – reuniões com clientes, fornecedores, parceiros e estudiosos para saber o que gostariam de aprender mais, descobrir e experimentar.
Durante o evento, atividades que propiciam a interação como o Crachá Randômico, dinâmica em que entregamos uma credencial aleatória ao participante e ele deve encontrar o dono do crachá. E as famosas (des)Conferências – momento que os participantes expõem as dificuldades para que sejam solucionadas em conjunto por outros que já passaram pelo mesmo caminho.

Ambiente de Inovação

Outro fator importante que identificamos é o ambiente do evento. Utilizamos diversos formatos e o que mais tem ajudado é o formato em “U”. O resultado foi evidente em um evento que separamos os participantes em duas salas para realizarmos as (des)Conferências. A turma que ficou em formato de auditório teve um diálogo menos participativo do que a turma que ficou na sala em formato de ‘U’. Simples e poderoso.
Este ano mudamos completamente de ambiente e a maiorias das nossas oficinas será realizada em nosso novo espaço, o Centro de Inovação Acate Primavera em Florianópolis.
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A escolha dos “especialistas”

Buscamos os melhores no assunto para compartilhar essas experiências com seus colegas. Miramos também em casos de fracassos para mostrar como não fazer, mas as pessoas possuem dificuldade em compartilhar seus erros. Os erros nos processos de construção (protótipos, testes) devem ser permitidos e sua análise estimulada.
Mas, prestem atenção: não tentem fazer isto de forma subjetiva como foi o caso do Comandante do navio Costa Concordia, que naufragou em 2012, o italiano Francesco Schettino, foi convidado para dar uma palestra aos alunos da Universidade La Sapienza de Roma sobre “gestão de pânico e crise”! A incoerência fala por si, e a revolta foi grande por lá.
É importante dizer que até chegarmos aos modelos novos, ou os que consideramos bons, erramos muito. É fundamental ter a liberdade de errar e a autonomia para colocar em prática idéias malucas. Sentimos, portanto que provavelmente erraremos muito mais, porém sem afundar os navios.

Processo em construção

Em 2015, a WeGov assumiu três temas como principais: Comunicação, Inovação e Gestão Pública. Evoluímos juntos com os temas acompanhando as referências no assunto. Ninguém melhor do que o próprio governo para falar sobre Inovação em Governo e Comunicação Digital no Setor Público, por isso, sempre buscamos os próprios servidores para contar suas histórias nos eventos. Tem dado muito certo principalmente pelo fato das pessoas desenvolverem empatia com quem está no “palco”, uma identificação automática com as dificuldades enfrentadas por todos os bons agentes públicos. Ao mesmo tempo, o palestrante que vai ao evento dar a palestra pode sentar e aprender com os colegas.

Conclusões

O fato é que as mudanças ocorridas na sociedade, a sofisticação da agenda governamental e a demanda por novas competências para o serviço público implicam, necessariamente, em uma profunda alteração nos programas de capacitação oferecidos aos servidores públicos. Interessante ressaltar que praticamente não há ruptura tecnológica quando falamos de inovação em capacitação. Resumindo, a “receita” que têm dado certo em capacitações inovadoras para nós é:
Ter autonomia para testar as idéias e liberdade para cometer erros;
Colaboração na construção dos eventos, procurando sempre aprender com as referências;
Usar o storyteling trazendo os próprios servidores para palestrar;
Promover troca de experiência;
Possibilitar o networking nos eventos;
Iluminar projetos e soluções inovadoras;
Por estes e outros motivos nossos clientes sentem a diferença quando participam dos nossos cursos e eventos. É dessa forma que estamos contribuindo para um ambiente melhor, pois o resultado de um servidor público bem instruído e motivado só pode ser uma prestação de serviço de qualidade para o cidadão e assim todos saímos felizes 😀
https://www.flickr.com/photos/repoort/

Por Gabriela Tamura

Fundadora e Diretora de Negócios da WeGov. Administradora Pública graduada pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Pós-graduada em Gestão Pública pela Universidade Aberta do Brasil. Resiliente de plantão começou seu relacionamento com o setor público há 12 anos. Conhece bem a realidade do governo e resolveu ajudar.
Foi agraciada com a medalha do Exército Brasileiro em função dos serviços prestados à Nação pela WeGov.

4 thoughts on “Inovar não é fazer diferente, é fazer a diferença

  1. Eu adoro a proposta do WeGov, admiro servidores fantásticos como o Gregório e sempre tive vontade de fazer alguns dos cursos de vocês, já tentei pedir 3x para o Governo de Brasília paga-los mas nunca foi aceito :/

    1. Obrigado or acompanhar e gostar do nosso trabalho, @disqus_cdrOzKxsfI:disqus . Esse é um desafio que alguns servidores enfrentam: querem participar e a instituição não libera…
      Na próxima oportunidade, converse conosco para verificarmos outras formas. Sei que sua participação pode contribuir para enriquecer nossos cursos também 😉
      Um abraço,

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