Conheça a aceleradora governamental de startups
Na Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo de 2016, aconteceu o Startup Awards, um programa que reconhece e premia atores importantes do ecossistema de empreendedorismo brasileiro. A edição teve como vencedora da categoria Aceleradora o InovAtiva Brasil, uma iniciativa vinculada ao Governo Federal. As indicações e seleções foram feitas pelo público por meio de uma votação disponível no site.
O InovAtiva Brasil já recebeu mais de 5700 projetos e acelerou mais de 400 startups. De acordo com Jéssica dos Santos, da equipe do InovAtiva, o programa surgiu como uma iniciativa do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, em 2013, com apoio da Endeavor e da McKinsey.
Mas qual é a relevância para o governo de estimular o desenvolvimento de startups?
Papel do Governo na Criação de um Ambiente Determinante para o Empreendedorismo
Com o intuito de demonstrar o impacto no ciclo econômico gerado por um ambiente de empreendedorismo e inovação, a OECD (2010) apresentou em conferência da Organization for Economic Co-Operation and Development o estudo sobre o programa de indicadores do empreendedorismo, conforme a tabela a seguir:
Fonte: The OECD-Eurostat Entrepreneurship Indicator Programme, OECD Statics Brief No 15, Novembro de 2010 (adaptado).
No estudo, sugere-se uma metodologia para governos adotarem políticas de fomento a fatores determinantes para o desenvolvimento de um ambiente empreendedor, e acompanhar os resultados das políticas adotadas. Em essência, a teoria apresenta uma relação de causa-efeito em três níveis. Desta forma, assume-se que existe uma relação, por mais complexa que seja, entre os aspectos ditos (1) determinantes, (2) desempenho empreendedor e (3) impacto em aspectos econômicos.
Assim, podemos ver nos próximos tópicos, o alinhamento do programa governamental
InovAtiva Brasil aos fatores que fomentam o empreendedorismo, de acordo com a OCDE.
INOVATIVA BRASIL
O papel de uma aceleradora é inserir uma empresa inovadora em um ambiente em que os fatores determinantes do empreendedorismo (como na tabela anterior) se apresentam em condições favoráveis para o seu desenvolvimento. Desta forma, o InovAtiva auxilia o desenvolvimento de empresas inovadoras, especialmente de base tecnológica, para se prepararem para fortalecer o mercado Brasileiro.
O InovAtiva Brasil tem realização do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e do SEBRAE, e é executada pela Fundação CERTI, baseada em Santa Catarina. Entre os parceiros estão o BNDES, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Empresas Inovadoras (ANPEI), além de contarem com uma ampla rede de apoio.
O programa propicia o fortalecimento de empresas inovadoras por meio de capacitações gratuitas, mentoria nacional e internacional, formação de uma rede de parceiros, investidores e grandes empresas, entre outras vantagens. O conteúdo da capacitação online é aberto a todos, mas há uma seleção de empresas para participar do programa completo de aceleração, e essas devem preencher alguns requisitos.
As empresas que podem se inscrever para participar do programa devem ter características inovadoras, mas podem atender a qualquer setor. Devem estar em fase pré-comercial, ou para as que já estão estabelecidas, devem ter um faturamento anual que não ultrapasse R$3,6 milhões de reais, além de não poderem ter recebido investimentos acima de R$500 mil.
A ACELERAÇÃO
O programa InovAtiva Brasil acontece desde 2013, e em 2016 passou a ser semestral, dando mais chances de participação às empresas que querem ser aceleradas.
Fonte: InovAtiva Brasil
Os empreendedores inscrevem seus projetos, e até 300 são selecionados. Na primeira etapa, todos os selecionados são submetidos ao programa, e são preparados com mentorias e capacitação para a próxima etapa. Já na segunda etapa, no máximo 125
startups são expostas a investidores, a outras empresas e a recursos públicos que lhes dão suporte. Além disso, as
startups contam com a possibilidade de se internacionalizarem.
Há uma parceria com o Reino Unido que facilita que as empresas prospectem negócios naquele mercado. Conforme consta no site do
MDIC, “as startups que participam de todo o ciclo de aceleração do programa e cumprem com suas atividades obrigatórias recebem o status de Empresa InovAtiva e se habilitam para participar dos programas de internacionalização de startups do InovAtiva Brasil e de seus parceiros (…)”. Em 2014, 19 empresas foram ao Vale do Silício, nos Estados Unidos, e em 2016, 14 empresas foram a Manchester e Londres, na Inglaterra.
Desde o seu início em 2013, o InovAtiva já recebeu mais de 5700 projetos, selecionou mais de 900, e acelerou mais de 400
startups. No primeiro semestre de 2016, recebeu 1372 inscrições, vindas de todas as regiões do país, um recorde para o programa.
EMPRESAS ACELERADAS
Joni Hoppen, CEO da Startup Aquarela, empresa que extrai padrões de comportamento em dados para otimizar a operação dos clientes utilizando inteligência computacional, foi uma das Startups aceleradas pelo programa.
Joni destacou que o InovAtiva contribuiu para a definição do produto principal da Aquarela – o Vortx – e também na evolução da empresa, que ganhou visibilidade internacional, já que foi uma das 14 selecionadas para ir a Londres e Manchester, na Inglaterra, apresentar e testar seu produto. Ele ainda salientou que o programa oferece um checklist com os pontos essenciais que os empreendedores devem ter em mãos para estarem mais preparados para o mercado.
Para ele, o principal diferencial do programa está na “capacidade do governo conseguir escalar um treinamento via educação a distância, de centenas de pessoas ao mesmo tempo, em um tópico de grande relevância social que é o empreendedorismo inovador, de base tecnológica”. Uma das características mais importantes para o CEO da Aquarela, é que o programa é feito com baixo custo e com uma grande rede de voluntários atuando no compartilhamento de conhecimento.
Recentemente, o programa lançou uma vertente chamada “InovAtiva de Impacto”, que foca em Startups que já passaram pelo programa de aceleração, e que tenham como missão da empresa ter um impacto social ou ambiental. Entre as empresas selecionadas para essa nova aceleração estão a Startup ePHealth, um aplicativo que faz o mapeamento de doenças crônicas com o objetivo de reduzir hospitalizações e consequentemente desonerar o sistema de saúde, e a Faz Games, um software para criação de jogos educacionais, por alunos e professores.
Em 2017 dois novos ciclos irão acontecer, e as inscrições para o primeiro ciclo devem abrir em Janeiro.
Referências
Inovativa Brasil
Inovativa Brasil é eleita melhor aceleradora do país no Startups Awards 2016
O que é uma Startup
OECD. Measuring Entrepreneurship: The OECD-Eurostat Entrepreneurship Indicator Programme, OECD Statics Brief,No 15, novembro de 2010.
SHIGAKI, Lincon Eiji.S. Análise do papel das instituições partícipes da hélice tripla: um estudo de caso do ecossistema de empreendedorismo inovador de Florianópolis. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Administração. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2016.
Texto escrito pela WeGov e publicado dia 24 de novembro de 2016 no site Politize!.