André Tamura
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Entenda o que é Design Thinking e como essa ferramenta irá transformar seu trabalho

Como podemos resolver um problema? Com essa pergunta em mente é que surgiu o Design Thinking. Mas o que é Design Thinking e quais os seus benefícios?

O que é Design Thinking?

Nas palavras de Tim Brown, o idealizador dessa fabulosa ferramenta de inovação:

“Design Thinking é uma disciplina que usa a sensibilidade e os métodos do designer para suprir as necessidades das pessoas com o que é tecnologicamente factível, e recorre ao que uma estratégia de negócios viável pode converter em valor para o cliente e oportunidade de mercado.”

David Kelley, grande precursor da metodologia destaca:

“Toda vez que me perguntavam sobre Design, eu incluía a palavra Thinking…para explicar o que os designers fazem.”

O conceito de design thinking não substitui ou menospreza a função de um designer, muito menos prega que não há “thinking” em outros tipos de atividade. A sacada aqui é justamente para que ocorra a migração das técnicas que esses profissionais (designers) usam para resolver problemas.
O Design Thinking pode ser aplicado a qualquer tipo de atividade. Talvez sua instituição não vá utilizar todas as técnicas propostas, mas é importante estudar a ideia e aplicar os conceitos que melhor se adequam ao seu trabalho ou departamento.
Muitos gestores ainda têm dificuldades para enxergar os benefícios do design thinking e as instituições públicas ainda são “cintura dura” quando o assunto é inovação. É um grande desafio aplicar a metodologia, mas é uma forma real de solucionar os problemas que estamos cansados de ouvir por ai…
Confira os benefícios de aplicar o Design Thinking em sua instituição:

Ele tem um ótimo custo-benefício

Comparado ao benefício que gera dentro da instituição, a ferramenta e seus conceitos têm um valor muito baixo. Trata-se de uma filosofia muito simples, que não exigirá altos investimentos. O maior custo, talvez, seja o de modificar a cultura organizacional para aderir às práticas do design thinking, pois só assim algum resultado será alcançado. As possibilidades de sucesso são gigantes, mas é necessário um esforço diário.

Ele dá respostas

O design thinking estimula diferentes estados mentais, o que pode ajudar a resolver a raiz dos problemas. O desenvolvimento de pensamentos divergentes é essencial para quem deseja chegar a pensamentos convergentes. Utilizando critérios práticos, é possível comparar alternativas e testar cada uma delas. Mentalidades são extremamente diferentes e devem ser trabalhadas para pensarem juntas.

Ele incentiva a criatividade

O design thinking é uma ferramenta que gera soluções. A criatividade não é um dom que se aplica a certo tipo ou grupo de pessoas. Ela está em todos nós e deve ser constantemente alimentada. A criatividade pode ser a chave para uma solução inusitada, inesperada e totalmente eficaz!

Ele estimula a empatia

Texto adaptado do Portal Hunter, reproduzido aqui com autorização[/caption]Empatia é a aptidão para se identificar com o outro, sentindo o que ele sente, desejando o que ele deseja e aprendendo da maneira como ele aprende. O design thinking busca por práticas que incentivem a solução de problemas sob uma ótica mais empática. Essa é uma de suas maiores contribuições para as empresas.
Pensar diferente é um dos principais caminhos para a inovação, e o design thinking incentiva um novo olhar sobre coisas e situações.

Oficina de Design Thinking no Serviço Público com Álvaro Gregório

Nos dias 04 e 05 de maio a WeGov realizará a Oficina de Design Thinking no Serviço Público com Álvaro Gregório em Brasília (DF). Inscreva-se >>

Por André Tamura

Pai e Marido. Fundador e Diretor Executivo da WeGov. Empreendedor entusiasta da inovação no setor público e das transformações sociais. Estudou Administração de Empresas e Ciências Econômicas. Desde que trabalhou como operário de fábrica no Japão, tem evitado as “linhas de produção”, de produtos, de serviços e de pessoas. Em 2017, foi condecorado com a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro.

André Tamura
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Inovação orientada pelo design. Desde soluções simples até a formação de políticas públicas.

Reduzir o orçamento significa inovação no governo e é vital para que os serviços públicos tornem-se mais eficazes melhorando a experiência dos usuários.
Para fazer uma diferença real nos serviços prestados, esta inovação tem que começar com as necessidades dos cidadãos. Este é um princípio que se aplica em todas as áreas para renovação do setor público, incluindo a governança e políticas públicas.
Estamos testemunhando uma série de tendências encorajadoras nesta área:
Projetos piloto que demonstram como métodos de design pode revigorar serviços públicos;
Os funcionários públicos estão sendo treinados em design thinking;
Designers (gerentes de projeto) estão sendo contratados para melhorar a tomada de decisão em órgãos públicos;
Unidades de inovação multidisciplinares sendo estabelecidas no coração do governo;
O surgimento do design como um método inclusivo para o desenvolvimento de políticas públicas.
Um conjunto crescente de evidências demonstram que a inovação orientada para o design pode resultar em ganhos de eficiência significativos, redução de riscos e um forte retorno sobre o investimento para o setor público.
Apesar de ainda não ter reunido todas as provas, estudos de caso presentes sugerem que, da mesma forma que retornos maiores são alcançados pelas empresas através do uso da concepção estratégica, o impacto para o setor público também é maior quando o design é integrado a uma estratégia.

Public Sector Design Ladder

A Public Sector Design Ladder é uma ferramenta de diagnóstico para os orgãos públicos trabalharem seu nível de uso do design e definir um roteiro para progredir.
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Para demonstrar como o impacto do projeto pode mudar estes diferentes níveis, os exemplos de cada etapa estão listados abaixo. Os estudos de caso completos podem ser lidos no relatório do Design for Public Good.

Passo 1: Design para problemas discretos

O projeto The Good Kitchen veio para repensar serviços de alimentação para os idosos no Município Holstebro, na Dinamarca, onde 60% das pessoas tiveram má nutrição. A implementação de um projeto de intervenção resultou em um aumento de 22% na satisfação do cliente e aumento de 78% nas vendas de refeições saudáveis.
O Make It Work é um projeto para o Conselho Municipal de Sunderland no Reino Unido focado em inserir os desempregados no mercado trabalho. Esta era uma cidade onde 26% da população ativa estava fora do trabalho e custando ao governo milhões de libras em benefícios. Depois de uma intervenção pelo design de £180.000 (€240.000), 275 pessoas encontraram trabalho, reduzindo o custo de ter um indivíduo de volta ao trabalho a partir de £62.000 (€83.000) para menos de £5.000 (€7.000) – uma economia de custo de 90% .

Passo 2: O design como capacidade

Um exemplo na etapa dois da escada seriam os Housing Option Services fornecido pelo Conselho de Lewisham em Londres. Em 2010, confrontado com subidas desafiadoras na demanda e reduções no orçamento, Lewisham transformou-se em Design Conselho para tentar uma abordagem diferente. Um novo serviço foi implementado como os casos acima, mas o objetivo principal era trazer uma mudança cultural no âmbito do Conselho para que os métodos de projeto virassem parte da prática normal de trabalho. A partir de um investimento inicial de £7.000 (€9.000) na formação, racionalização de £368.000 (€492.000) foram calculados.

Passo 3: O design para a política

Em toda a Europa estamos vendo um número crescente de designers, nas autarquias locais, nomeadamente em Lahti (Finlândia), Sainte-Étienne (França), Dublin (Irlanda), Barcelona (Espanha) e Kent, Shropshire e Monmouth (UK). No coração do governo, nós também estamos vendo o surgimento de unidades multidisciplinares de inovação utilizando design – alguns dos melhores exemplos incluem: MindLab (Dinamarca), Helsinki Design Lab (2009-2013), Experio Lab (Suécia) e o Government Digital Service and Cabinet Office Policy Lab (UK).
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Estas iniciativas representam a etapa três na escada, onde as abordagens do design são integradas na alta administração do governo. Por exemplo, o GOV.UK doo Reino Unido, iniciativa implementada pelo Government Digital Service (GDS ) , agrupou 350 sites que estavam separados para proporcionar uma melhor experiência digital para os cidadãos. Substituindo os dois principais sites de apoio do governo já economizou £55-70m (€74-94m) e a poupança anual estimada de uma mudança para o digital é de aproximadamente £1,7 bilhões (€2,3 bilhões). Dentro dessas unidades, o design também está sendo testado como um método para, inclusive, a formulação de políticas com foco no cidadão.
Nos próximos anos, prevemos que as autoridades públicas irão desenvolver suas capacidades internas para a inovação orientada pelo design através da formação de pessoal em Design Thinking, empregando gerentes de projeto, a criação de unidades de inovação multidisciplinares e adotando o design como um método centrado no usuário para a formulação de políticas inclusivas.
VIA: Design for Europe

Por André Tamura

Pai e Marido. Fundador e Diretor Executivo da WeGov. Empreendedor entusiasta da inovação no setor público e das transformações sociais. Estudou Administração de Empresas e Ciências Econômicas. Desde que trabalhou como operário de fábrica no Japão, tem evitado as “linhas de produção”, de produtos, de serviços e de pessoas. Em 2017, foi condecorado com a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro.

Governo, Inovação e Riscos

Por que o Governo não sai do caminho e deixa a inovação para o setor privado – os “verdadeiros revolucionários”? É um retórica que você ouve em toda parte, e Mariana Mazzucato quer acabar com isso. Nesse TED Talk, ela mostra como o Estado – que muitos vêem como lento, burocrático e cheio de jeitinhos – é realmente um dos nossos principais tomadores de risco e formadores de mercado.
Qual ator na economia é mais responsável por fazer a inovação radical acontecer? Mariana Mazzucato surge com uma resposta surpreendente: o Estado.

Assista a palestra de Mariana Mazzucato


Os Estados e os governos são muitas vezes descritos como lentos, burocráticos e avessos ao risco. Esse argumento é usado em apoio à menor participação do Estado e maior liberdade às empresas privadas. Mariana Mazzucato oferece uma forte visão contrária:
Estados não são apenas os reguladores de mercado e fixadores, mas também “construtores de mercado” – criando ativamente um visão de inovação e investimento em áreas de risco e de incerteza, onde o capital privado pode não ver nenhum retorno sobre o investimento (ROI). Isso mesmo: Capital de Risco (Venture Capital) assume muito menos riscos do que geralmente se pensa. Como um exemplo, a tecnologia por trás o iPhone e Google existe porque o governo dos EUA tem sido muito intervencionista no financiamento da inovação. Os investidores privados chegam apenas depois. É o que deve ocorrer com a próxima “grande coisa” depois da internet: A Revolução Verde.
Mazzucato, professora de economia na Unidade de Ciência e Tecnologia Policy Research (SPRU , University of Sussex), argumenta que a Europa precisa hoje redescobrir esse papel – o que o continente precisa não é de austeridade, mas de investimentos estratégicos (e novos instrumentos como bancos de investimentos públicos) no sentido de uma “União da Inovação”.

“Trata-se de admitir que, em muitos casos, tem sido de fato o Estado, não o setor privado, que tem a visão de mudança estratégica ,a ousadia de pensar – contra todas as probabilidades – sobre o impossível.” Mariana Mazzucato em “O Estado Empreendedor”

Por André Tamura

Pai e Marido. Fundador e Diretor Executivo da WeGov. Empreendedor entusiasta da inovação no setor público e das transformações sociais. Estudou Administração de Empresas e Ciências Econômicas. Desde que trabalhou como operário de fábrica no Japão, tem evitado as “linhas de produção”, de produtos, de serviços e de pessoas. Em 2017, foi condecorado com a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro.

André Tamura
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A busca pela re-invenção da roda como barreira para inovação

Constantemente temos contato com projetos, práticas e ideias inovadoras. Procuramos – na medida do possível – explorar, divulgar e “iluminar” algumas delas, na expectativa que sejam praticadas e replicadas por toda a administração pública, em suas três esferas e poderes.
Não somos proprietários dessas ideias e tampouco queremos atuar como uma catraca (pedágio) para que sejam implantadas nas instituições.
Algumas resistências para que as ideias não aconteçam são bem conhecidas: as dificuldades burocráticas, falta de recursos, incapacidade de pessoal e etc. Porém, existe uma outra espécie de barreira pouco explorada que também é prejudicial à inovação, é esta barreira que vou desenvolver nas próximas linhas.

O viés do “não inventado aqui”

*Viés cognitivo é a tendência humana de cometer erros sistemáticos em certas circunstâncias baseados em fatores cognitivos ao invés de evidências.*
A lentidão em adotar ideias inovadoras valiosas (já existentes e praticadas) em algumas instituições, é algo curioso e inexplicável. Essa “forma de burrice” não se limita a nenhum governo específico, esfera ou poder. A inovação não acontece, simplesmente pois “não foi inventada aqui”, nada mais.
Considere que estamos partindo de um pressuposto em que fatores importantíssimos como tecnologia e trabalho estão disponíveis e acessíveis. Mesmo que, em uma observação aprofundada possam estar relacionadas ilicitudes e desvios de conduta(corrupção e favorecimentos de contratos) para que as ideias não aconteçam, não vamos considerar estes elementos na nossa história:

Um novo sistema de gestão

Olá Sr.______ (coloque aqui um nome e um cargo). Você conhece essa solução em que a população auxilia na gestão da sua cidade?
Hmmm, não conheço mas já ouvi falar de algo parecido…
Então, é bem simples de utilizar e a população vai gostar bastante de saber que sua instituição aderiu a plataforma.
Que ótimo (aqui começa o viés)! Vou marcar uma reunião com a área responsável e vamos criar um departamento para desenvolver este projeto (como se não estivesse pronto).
Mas Senhor, o projeto está pronto é só assinar.
Nada disso, temos que dar a “cara da instituição”, vamos nomear uma equipe e eles vão desenvolver algo semelhante, mas a nossa solução vai ser para a população auxiliar na gestão da cidade!
Exatamente o que eu disse no começo Sr… Temos isso pronto para vocês, outras instituições já estão fazendo desse jeito.
Não, é diferente…Obrigado e parabéns pelo trabalho, qualquer coisa entramos em contato. Quando lançarmos a nossa vocês podem ser nossos parceiros, certo?

Qualquer solução, desde que seja a minha

O viés do “não inventado aqui” é pessoal, porém acaba maculando as instituições. Uma maneira de entender o forte apego às próprias crenças, falas, processos e práticas é monitorando o fenômeno dos acrônimos nas instituições. Eles proporcionam a sensação de conhecimento secreto e exclusivo, uma linguagem cifrada única e importante que protege a entrada de outras ideias no círculo fechado de quem está dentro.
Repare em sua instituição (e nas outras) a quantidade de siglas em projetos e departamentos que poderiam certamente trabalhar em conjunto, facilitando a gestão do conhecimento e a inovação. A busca acaba sendo pela autoria e não pela solução real dos problemas.

A solução é compartilhar ao extremo

Em tempos passados quando poucos detinham acesso à informação, até poderia fazer sentido preservá-la na busca pela invenção da roda. Hoje, claramente isso é prejudicial (o debate de patentes médicas ilustra bem esse ponto) especialmente quando falamos de governo e bens públicos, pois somos nós que financiamos o ego dos gestores que sonham em re-inventar a roda. Todo mundo quer ser “o pai da criança bonita”.
Para estimular a inovação até grandes empresários estão abrindo suas patentes. Ao compartilhar, podemos acelerar o processo de criação e alcançar soluções novas e melhores. Vale lembrar que algumas instituições públicas fazem questão de convidar outras para conhecerem seus projetos e compartilhar conhecimento com as outras, e curiosamente são essas instituições que são vistas como modernas e inovadoras.

Por André Tamura

Pai e Marido. Fundador e Diretor Executivo da WeGov. Empreendedor entusiasta da inovação no setor público e das transformações sociais. Estudou Administração de Empresas e Ciências Econômicas. Desde que trabalhou como operário de fábrica no Japão, tem evitado as “linhas de produção”, de produtos, de serviços e de pessoas. Em 2017, foi condecorado com a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro.