Comunicação: A era pós-Prefs

André Tamura
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Foco na prestação de serviços

Anno Domini (“ano do Senhor” em latim ou A.D), é uma expressão utilizada para marcar os anos seguintes ao ano 1 do calendário ocidental designado como “Era Cristã”.
O assunto aqui não é a era cristã, é comunicação pública em redes sociais. Nesse contexto também observamos uma divisão de eras. A atuação da Prefeitura Municipal de Curitiba representa o marco zero. Há uma Era Pré-Prefs e uma Era Pós-Prefs.

A vida após a Prefs

Hoje, sempre que surge uma campanha, um post ou mesmo uma resposta oficial inusitada de um órgão público nas redes sociais, é inevitável a comparação com a Prefs:

“Ahh que ridículo, vocês querem ser iguais a Prefs!”
“Nossa que legal, seguindo o caminho da Prefs!”

Alguns “especialistas” ganharam visibilidade ao tornarem-se críticos comentaristas das publicações da Prefs, páginas foram criadas pelos haters.
A Secretaria de Comunicação virou central de benchmarking para todo país e a equipe ganhou notoriedade.
Sem grandes disrupções, diversas outras prefeituras e órgãos de diferentes esferas e poderes, seguiram o caminho e enxergaram nesse tipo de atuação a oportunidade de estabelecer um relacionamento mais direto e conversar em linguagem mais próxima das pessoas, quebrando o “governês”.
Chama a atenção que, na grande maioria dos casos – para o bem ou para o mal – tudo ficou, e ainda está limitado ao departamento de comunicação das instituições. O desafio agora é extrapolar a comunicação.
As redes sociais em órgaos públicos já estão estabelecidas, o amadurecimento dos trabalhos e os avanços devem continuar para que não tenhamos as mesmas surpresas nos próximos anos.

Além da Comunicação

Quando estive no XII Conbrascom, em Belém/PA, conversei com Álvaro Borba (Diretor de Mídias Sociais e Internet da Prefeitura) e levantamos uma pauta interessante sobre o trabalho da comunicação pública.
Está claro que, não somente na prefeitura, ainda existe um vale entre o trabalho da equipe comunicação nas redes sociais e as ações / atribuições da própria instituição.

“A comunicação é próxima, amiga e atenciosa, mas na hora de resolver os problemas a amizade acaba.”

Se priorizarmos os pilares: Cidadania, Prestação de Serviços e Educação; qualquer instituição pode adotar uma linguagem que será compreendida pelo público que “consome” a página, mas que também esteja vinculada ao propósito institucional e ao modo de agir. Algumas instituições usam pouquíssimo humor ou memes e ainda assim se comunicam bem e prestam serviços, como por exemplo o MPSC.
Talvez os desafios (e as oportunidades) sejam ainda maiores quando saímos das prefeituras e entramos em órgãos que não atendem diretamente a população, ou são mais fechados. A linguagem direta, transparente e às vezes bem-humorada deve contaminar toda a instuição. Se ficar na comunicação, vira um fim em si mesma que acabará com a troca de gestão.

O futuro não é mais o mesmo

Não haverá outra Prefs, desistam. Os acontecimentos, cada vez mais intensos, podem alterar completamente o rumo das coisas. Cabe ao setor público compreender, incorporar e buscar antecipar as mudanças.
Melhorar a forma de comunicação ou mudar o canal de relacionamento deve ter como propósito a solução de problemas. As inovações no setor público são para isso.
Quando a Prefs marcou esse terreno, assumiu riscos, errou algumas vezes e abriu um espaço para que outros pudessem trilhar os próprios caminhos. Resta encontrá-los, genuinamente.

E então: para onde vai a comunicação no setor público?

Por André Tamura

Pai e Marido. Fundador e Diretor Executivo da WeGov. Empreendedor entusiasta da inovação no setor público e das transformações sociais. Estudou Administração de Empresas e Ciências Econômicas. Desde que trabalhou como operário de fábrica no Japão, tem evitado as “linhas de produção”, de produtos, de serviços e de pessoas. Em 2017, foi condecorado com a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro.

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