Colaboração e Inovação

Lincon Shigaki
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O poder da competência da colaboração

É comum associarmos o termo colaboração com amistosidade e pacificidade nos relacionamentos. Porém, o significado se distancia dessa imagem “zen”. A confusão acontece quando restringimos a colaboração ao aspecto da convivência. Na prática, criamos uma falsa sensação de colaboração quando há pouca resistência aos projetos e uma subsequente harmonia nos relacionamentos.
Por vezes, é conveniente usar colaboração ao invés de “consentimento” já que possui uma conotação mais democrática. Exemplo: “A equipe está colaborando com a estratégia do novo gestor”. Por isso, é importante elucidar o significado de colaboração para não empregar a palavra de forma equivocada e que o colaborador genuíno não seja tomado por eufemismos vazios.

A colaboração é o nível máximo de alinhamento entre duas ou mais instâncias (individual ou institucional). Ela acontece quando há congruência em dois planos, onde Nicolau Maquiavel os chama de (1) meios e (2) fins.

Os “fins” são os objetivos finalísticos e as expectativas. Já os “meios”, correspondem às operações necessárias para atingir os fins. Dentro de uma instituição, os meios podem ser os métodos de trabalho e ferramentas, enquanto os fins, são os alvos de impacto da instituição. A colaboração interinstitucional existe quando há um “fim comum” entre organizações distintas executando um projeto com esforço mútuo (meio).


Quatro níveis de alinhamento

Divergência de meios e divergência de fins – Conflito

Acontece quando não há um entendimento comum sobre objetivos ou mecanismos.

Congruência de meios e divergência de fins – Coalizão

Um exemplo são as coligações políticas. Partidos, muitas vezes desalinhados ideologicamente, criam uma identidade e métodos de trabalho compartilhado por razões diversas.

Divergência de meios e congruência de fins – Competição

Quando há um alinhamento de objetivo mas há diferentes formas de se conseguir atingi-lo. Se o objetivo comum for “enriquecer vendendo carros”, há várias marcas que representam essa competição.

Congruência de meios e congruência de fins – Colaboração

Há um objetivo ou um problema comum e diferentes atores estão comprometidos em ouvir, entender e dedicar-se a construção de uma solução comum.


Divergir e convergir

A colaboração exige mediação de conflito e estresse nos diálogos de alinhamento entre fins e meios. Muitas vezes, essa negociação é cansativa e não agradável. Colaboração, portanto, é uma competência que precisa ser praticada e aperfeiçoada. Trata-se da capacidade de aproveitar múltiplas visões, recursos, habilidades e focalizar em algo de interesse mútuo.
Já que colaborar dá mais trabalho do que executar individualmente, dominar a competência da colaboração reside em ser objetivo na congruência de interesses e em encontrar complementaridade das ações divergentes.
Com um alto nível de colaboração, aumentamos as nossas possibilidades de alinhamento.

Por Lincon Shigaki

Lincon é Facilitador de Aprendizado da WeGov. Formado em Administração na Universidade Federal de Santa Catarina. Trabalhou com consultoria em gestão no Movimento Empresa Júnior, onde foi Presidente da Ação Júnior e da Fejesc. Acredita que podemos viver em um país melhor, e não consegue se ver fora do processo de transformação dessa realidade.

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