10 tendências tecnológicas para o setor público

De acordo com o Gartner

O Gartner divulgou nesta segunda-feira (29) as 10 principais tendências tecnológicas que poderão ser adotadas pelo setor público em 2021. De acordo com a consultoria, as tecnologias listadas têm o “potencial de acelerar a inovação digital e otimizar ou transformar serviços públicos”.

Ainda de acordo com o instituto de pesquisas, essas tendências surgiram principalmente após o mundo ser impactado pela pandemia de coronavírus e também pela crescente necessidade de sistemas que sejam mais flexíveis e que preparados para não sofrer interrupções intermitentes.

“A pandemia de Covid-19 estimulou a aceleração da inovação digital em todo o setor governamental globalmente, apresentando aos líderes novas oportunidades de usar dados e tecnologias para construir confiança, agilidade e resiliência dentro das instituições públicas”, acredita Rick Howard, vice-presidente de pesquisa do Gartner.

O executivo complementa afirmando que tais tendências são focadas em endereçar desafios de áreas críticas como segurança, contenção de custos e experiência do cidadão.

Veja, a seguir, a lista com as 10 tendências tecnológicas.

Acelerar a modernização de sistemas legados

Esse é um requisito que há anos está em curso não apenas no setor público, mas também em grandes empresas tradicionais, que insistem em carregar tecnologias obsoletas que trazem, entre outros problemas, risco à segurança.

Segundo o Gartner, essa modernização será acelerada especialmente nas áreas mais críticas como infraestrutura e sistemas centrais. A modernização, nesse sentido, visa implementar sistemas de arquitetura modular.

A previsão é de que, até 2025, mais de 50% das agências governamentais terão modernizado suas aplicações legadas essenciais para melhorar a resiliência e a agilidade de processos e sistemas.

XaaS, qualquer coisa como serviço

A sigla remete à internet das coisas e à qualquer tecnologia que possa ser implementada e adotada no modelo “como serviço” (do inglês, “as a Service”).

Também chamada de “Anything as a Service” ou “Everything as a Service”, a XaaS aponta para a adoção em massa de uma gama completa de serviços de negócios e de TI por assinatura e em nuvem.

Segundo Gartner, essa tendência é interessante porque “oferece uma alternativa para a modernização da infraestrutura legada, fornece escalabilidade e reduz o tempo de entrega de serviços digitais.”

A previsão é que, até 2025, quase todos (95%) os novos investimentos em TI feitos por agências governamentais serão na modalidade “como serviço”.

Gerenciamento de caso como serviço (CMaaS)

Para o Gartner, essa é uma solução para garantir agilidade institucional por meio da aplicação de princípios e práticas de negócios combináveis, que substituem sistemas de gerenciamento de casos legados por produtos modulares – o que também flexibiliza a atuação de gerentes de TI do setor público.

Até 2024, organizações governamentais que optarem por adotar uma arquitetura modular para aplicações de gerenciamento de casos poderão implementar novos recursos pelo menos 80% mais rápido do que gestores que utilizam arquiteturas sem essa abordagem.

Cidadão digital

A identidade digital é entregar ao cidadão uma nova possibilidade: provar sua identidade como indivíduo, seja qual for o canal digital de comunicação com a administração pública.

Isso, de acordo com o Gartner, é “fundamental para a inclusão e o acesso [dos cidadãos] aos serviços do governo”, diz o relatório, complementando que esse tópico está no topo das agendas políticas em todo o mundo.

O Gartner prevê que um verdadeiro padrão de identidade global, portátil e descentralizado, surgirá no mercado em 2024.

Omnicanalidade para o cidadão

O engajamento de cidadão em todo o mundo, com interação direta com os governos, atingiu novos patamares em 2020, segundo a consultoria.

O alto envolvimento das pessoas em diferentes canais de comunicação promove transparência, ao passo que permite uma experiência personalizada – independentemente do canal escolhido para interação.

A previsão é que mais de um terço dos governos usarão métricas de engajamento para rastrear a quantidade e a qualidade da participação dos cidadãos nas decisões políticas e orçamentais até 2024.

Foto de DocuSign no Unsplash

Segurança adaptativa

Com ecossistemas de TI cada vez mais complexos, uma abordagem de segurança adaptativa garante quatro núcleos de trabalho: prevenção, detecção, resposta e predição – todas de forma contínua e adaptável.

Até 2025, o Gartner espera que 75% dos CIOs do setor público serão diretamente responsáveis ​​pela segurança de fora do ambiente da TI, incluindo ambientes operacionais e de missão crítica.

Aplicações combináveis e uso inteligente de recursos

A ideia é que empresas governamentais adotem princípios de design combináveis, que permitam ampliar a reutilização de recursos e a capacidade de adaptação às recorrentes mudanças regulatórias, legislativas e públicas que ambientes governamentais demandam.

A previsão é de que, até 2023, 50% das fornecedoras de soluções tecnológicas, sejam de produtos ou serviços, para o governo terão pacotes com ofertas que preveem recursos que possam ser aplicados aos negócios, com intuito dar suporte a essas aplicações combináveis.

Compartilhamento de dados como um programa

Não é nenhum segredo que dados são o recurso mais importante para qualquer organização atualmente – e o setor público não fica fora desse cenário. Nesse sentido, o compartilhamento de dados como um programa se torna imperativo.

Assim, organizações governamentais terão adotado estruturas de responsabilidade que endereçam o compartilhamento de dados em escala, incluindo padrões para garantir estrutura e qualidade.

Até 2023, 50% das organizações terão implementado esse conceito.

Serviços públicos hiperconectados

A ideia aqui é que serviços públicos façam uso de tecnologias variadas, ferramentas ou plataformas, em toda sua extensão, para automatizar o máximo possível os processos de negócios e a TI, bem como ter mínima intervenção humana possível.

O Gartner prevê que, até 2024, 75% dos governos terão, pelo menos, três iniciativas com foco na hiperautomação lançadas ou em andamento.

Análise Operacionalizada

Segundo a consultoria, uma análise operacionalizada consiste na “adoção estratégica e sistemática de tecnologias baseadas em dados, como inteligência artificial (IA), aprendizado de máquina (machine learning) e análises avançadas para cada estágio da atividade governamental, a fim de garantir eficiência, eficácia e consistência à tomada de decisão”.

Dessa forma, o Gartner acredita que líderes poderão tomar melhores decisões operacionais com base no contexto, em tempo real, para trazer melhorias na qualidade da experiência do cidadão.

Até 2024, 60% dos investimentos em IA e análise de dados para o setor público serão implementadas com foco em trazer impactos às decisões e resultados operacionais em tempo real, segundo o instituto de pesquisas.


Foto de capa por ThisisEngineering RAEng on Unsplash

Texto publicado no site Olhar Digital em 29 de março de 2021. Via: Gartner

Por André Tamura

Pai e Marido. Fundador e Diretor Executivo da WeGov. Empreendedor entusiasta da inovação no setor público e das transformações sociais. Estudou Administração de Empresas e Ciências Econômicas. Desde que trabalhou como operário de fábrica no Japão, tem evitado as “linhas de produção”, de produtos, de serviços e de pessoas. Em 2017, foi condecorado com a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro.

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