Instigando a inovação
Inovação é o tema da vez. Adoramos conhecer e consumir produtos e serviços inovadores, que apresentam uma exclusividade em qualidade ou tecnologia. Essas empresas inovadoras têm em comum o propósito de construir um ‘mundo novo’ por meio dos serviços e produtos. No seu DNA, possuem a estratégia deliberada de moldar o futuro “com suas próprias mãos”, lançando constantemente inovações para a sociedade.
Por outro lado, o setor público avança em um ritmo diferente das inovações nascentes e do mundo das startups. O Brasil (e outros países) enfrenta uma série de dificuldades para regulamentar o Uber, as secretarias fazendárias ainda não sabem ao certo o que representa e como acompanhar o livro-razão dos bitcoins (moedas virtuais de circulação global).
E se o Governo tivesse uma Cultura de Inovação?
Políticas públicas parecem estar em uma posição reativa às transformações sociais. Porém, meu lado idealista reflete sobre como seria a sociedade, se a gestão pública também compartilhasse do DNA de moldar o futuro. Nesse sentido, vejo um potencial imenso, em se apoiar em políticas e serviços públicos para promoção do desenvolvimento humano e social em larga escala.
Aproveitar esse potencial de transformação social, passa pela consolidação de uma cultura de inovação. Em um primeiro momento, irá responder mais rapidamente às transformações sociais. Em seguida, protagonizará a ideação e co-criação de soluções para os problemas vigentes da sociedade.
Como construir uma Cultura de Inovação?
Em 2007, Samuel Hunter da Universidade de Oklahoma, se propôs a investigar as variáveis com maior impacto na cultura de inovação. A pesquisa revelou que o principal motor da inovação está relacionado ao “senso de desafio” dos funcionários da linha de frente.
Rompe-se, portanto, que a inovação depende, a priori, de criatividade, inspiração ou genialidade. O principal motor é a forma com que os desafios são percebidos pelas pessoas da empresa. Esse indicador reflete a crença compartilhada em apoiar a criatividade e inovação de forma a criar uma cultura onde “correr riscos” é aceitável e até encorajado dependendo no nível desse risco.
O que é o Senso de Desafio?
1. Encontrar o Sweet Spot
O fator mais importante é entender o Sweet Spot (também conhecido como flow, na psicologia positiva). Trata-se de um sentimento de total envolvimento na realização de uma atividade. Nessa fase, o nível de concentração é elevado e o indivíduo está totalmente imerso no que está fazendo.
O Sweet Spot é entendido como o perfeito alinhamento entre o nível de desafio e competências do indivíduo. Por isso, o desafio não pode ser fácil demais para não gerar tédio. Por outro lado, não pode ser muito difícil e gerar ansiedade. É um momento de muita produtividade e satisfação pessoal em trabalhar e superar esses desafios.
2. Perceber o desafio como crescimento
A cada desafio superado, aumentam as habilidades e confiança do colaborador. Por isso, é preciso continuar ajustando o nível de desafio para os indivíduos. Usualmente os gestores pensam: “quem poderia resolver esse problema com facilidade e de forma rápida?”
E a pergunta certa para estimular o Senso de Desafio é: “A quem cabe a oportunidade de crescimento pessoal com esse desafio?” Desta forma, percebe-se que o desafio é “maior” do que a atual capacidade do indivíduo. Informalmente, a expressão “dar um osso maior do que se pode roer” é reproduzida em ambientes onde há uma valorização em atribuir e receber grandes desafios.
3. Desprender-se do que já existe
O Google passou a utilizar uma técnica de gerenciamento de metas com o nome OKR (Objetivos e Resultados-Chave na sigla em inglês). Nesse modelo, alcançar um resultado entre 60 e 70% da meta global é um ótimo resultado.
Definir uma meta muito difícil (praticamente impossível), possibilita destravar alguns modelos mentais importantes para a criatividade e inovação. A ideia é lançá-los o mais distante possível da zona de conforto, mas ser realista para cobrar os resultados.
A incorporação gradual do Senso de Desafio
Uma pergunta-chave para a incorporar a cultura de inovação é “Com que frequência a sua equipe está trabalhando no Sweet Spot ? “.
Uma vez que, a cultura da inovação está intimamente relacionada à como os desafios são percebidos, é importante despertar o lado idealista e conectar as atividades diárias com uma projeção de futuro do setor público.
A WeGov fomenta a cultura da inovação no setor público ressaltando esse “senso de desafio” nos agentes públicos. Por meio das nossas palestras, oficinas e eventos, promovemos um ambiente de aprendizado em temas inovadores, e instigamos o crescimento pessoal por meio do desafio que é, para cada agente, implementar novas práticas nas instituições públicas. Conheça nossa agenda e assine nossa newsletter para ficar por dentro disso.