Qual é a m&*#@ do dia?

Rafael Rebelato
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A comunicação em redes sociais

O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.”
Mário Quintana

Sempre detestei autoajuda. A fórmula geralmente é a mesma. O autor cria uma teoria complexa sobre como resolver um problema imaginário. Usa mais de cem páginas de um livro para te convencer de que o problema é real. Apresenta a teoria em outras duas páginas e gasta mais duzentas para te provar que ele está certo, repetindo a mesma teoria com palavras diferentes. Então, se você vai ler este texto pensando em fórmulas mágicas de como manter o bom humor trabalhando com rede social de governo, pode passar para o próximo post (devo ter perdido metade dos leitores logo no primeiro parágrafo do texto. Preciso rever minha vocação literária).
Quando fui chamado para escrever este texto me pediram primeiro o título de um livro sobre “social media de governo”. Parei para pensar e depois de muito meditar escrevi a frase que intitula este artigo. #SQN. Quem me conhece um pouquinho sabe que digitei a primeira p*§§@ que passou pela minha cabeça. Mas no fim das contas acho que o título resume bem o meu dia-a- dia profissional. Então resolvi descrever aqui duas máximas que adoto para não deixar que os problemas do dia atrapalhem meu ‘mau-humor’.

Shit Happens

O sol vai nascer, eu vou morrer, no Rio de Janeiro vai fazer calor, meu salário não vai chegar no final do mês…
Primeiro passo para resolver os problemas que aparecem, é que todo dia que acordo tenho a certeza absoluta de que problemas vão aparecer. Mas isso não significa que eu ‘pré-ocupo’ minha cabeça com questões que ainda não surgiram. Significa que todos os dias eu me levanto preparado para enfrentar as questões daquele dia.
Assisti uma palestra de uma colega de profissão, Priscila Montandon , que começou dizendo ao auditório (composto por mais de cem social medias de governo) que se sentia participando de um grupo de autoajuda. Uma espécie de Social Media Anônimos. Acho que ela conseguiu resumir bem o que é essa profissão: Um vício. E nessa pegada como todo Alcoólatra, Narcótico ou Social Media anônimo meu primeiro mandamento de todos os dias é:

Os piores problemas para se enfrentar são aqueles que ainda não apareceram.”

Quem ler estes dois parágrafos vai ter a impressão que eu sou uma espécie de reencarnação-de-um-monge-budista-descendente-direto-de-ghandi que não se deixa abalar diante de nada. Pelo contrário. Sou o cara mais ansioso que existiu neste planeta. Apenas aprendi depois de muito Lexotan, Prozac e Gardenal que não vale a pena me estressar tentando fazer com que meu trabalho dê 100% certo. Vai ter problema sim, eu vou fazer m&*#@ sim, só tenho que tomar cuidado para que esta não atrapalhe a vida de mais ninguém.
E aqui entramos no segundo ponto…
problema-redes-sociais-wegov

Não posso me esquecer de ligar o botão foda-se

O grande barato de ser social media é a oportunidade de estabelecer relacionamento com o mais variado tipo de pessoas. Descobri que se me abrir para entender quem está interagindo com minha instituição, do outro lado da Time Line, vou ter a oportunidade ímpar de aprender algo sobre um ponto de vista diferente. Mas nem tudo é um mar-azul-do-caribe-em-uma- bucólica-tarde-primaveril.
Ao conceder a possibilidade de manifestar-se sem ser intermediado por ninguém, e ainda com a sensação do pseudo anonimato, as mídias sociais criaram dois personagens singulares e frequentadores assíduos de páginas governamentais: o Hater e o Troll.
Segundo a mais confiável fonte de informações da internet (#SQN), wikipedia, “hater é um termo usado na internet para definir pessoas que postam comentários de ódio ou crítica sem muito critério” e “troll termo usado na internet para definir uma pessoa cujo comportamento tende sistematicamente a desestabilizar uma discussão e a provocar e enfurecer as pessoas nela envolvidas.”
Descobri, depois de muito quebrar a cabeça e me sentir deprimido por ver o mural da minha instituição pichado, que a melhor prática para tratar com estas personagens, é o aliviante “botão do F*#@-$&. ” Ou nas palavras de minha avó, “o que não tem solução solucionado está”. Essa postura diante das situações faz com que eu consiga controlar meu mau-humor a ponto de não afetar minhas relações.

O que mais me afeta em relação ao trabalho são as coisas que eu consigo resolver.

Comunicação Pública

Sua instituição é pública. Assim o mural de comentários dela em uma mídia social qualquer, é público. Então ele vai ser pichado e as ofensas, desde que não sejam pessoais ou que possuam conteúdo inapropriado, devem permanecer nele. Esse é o ônus da democracia e da liberdade de expressão.
Se você está entre os dez leitores que conseguiu chegar até este ponto do texto percebeu que, a principal característica para lidar com o dia a dia de gerenciamento de mídias sociais de uma organização pública, é manter o ‘mau humor’ característico do social media e seguir a cartilha do grande-filósofo- contemporâneo, Zeca Pagodinho:

“Deixa a vida me levar, vida leva eu…

Foto: Alex Jones e Quino Al

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