Emissor, receptor, resistência e persuasão
Você já ouviu alguma história dessas: uma página fez um post que estão todos odiando. Você ouve o rumor, vai lá olhar e pensa “que ideia absurda foi essa?”
Crises desse tipo têm se tornado cada vez mais comuns. Seja em redes sociais de órgãos públicos ou empresas privadas.
Verdade seja dita: o mundo é cruel e a Internet virou palco gratuito de humilhação. Quer seja para o bullying, quer seja para a revogação de direitos, ou para exigir que algo nunca mais aconteça.
Aprendendo com os erros?
Estamos mesmo aprendendo com os erros? E com os erros dos outros?
Passei um ano da minha vida observando crises desse tipo. Acompanhei algumas desde o início até se tornarem matérias de blogs e jornais. E o que eu vi foi um conflito que cresce como bola de neve, mas que inicia com poucas pessoas. No começo, é simples, depois, o poder é da massa.
Enquanto pequeno, trata-se de uma discrepância de dois tipos de pensamento: do emissor e do receptor. Essa diferença converge em resistência à persuasão.
Dentre diversos autores que estudam a recepção, Fransen, Smit e Verlegh (2015) têm uma proposta esclarecedora sobre as reações negativas à publicidade.
1. O receptor sente sua liberdade ameaçada;
Aquele que sente sua liberdade ameaçada – por exemplo, um anúncio de pedido de doação que causa culpa – vai querer preservar sua autonomia muito mais que antes. Por isso ele vai usar estratégias de contestação (os famosos comentários de reclamações) ou de empoderamento (reclamando do post para os amigos).
2. Ele tem medo de ser enganado;
Já o medo de ser enganado é efeito colateral do excesso de publicidade nesse mundo atolado de informação. Quanto mais propagandas o usuário já viu, mais ele reconhece as técnicas utilizadas. Acende-se uma suspeita no receptor que julga o anúncio “manipulador”. Nessas horas, chovem comentários. E cada um se torna uma nova denúncia para os desavisados, que tomam consciência de que aquilo é uma propaganda, mesmo que estivessem dispostos a suspender a descrença.
3. É resistente a mudanças.
Por último, a inércia, é quando o receptor é resistente a mudanças. Se esse for o motivo para as reações negativas, elas aparecem como processamentos enviesados. Geralmente uma distorção da mensagem é apresentada nos comentários. Alguns aspectos são salientados com exagero e o público vê o que quer ver.
Mimimi: Reações negativas à publicidade em redes sociais
Em vez de atirar a primeira pedra, vamos praticar um pouco de empatia com os atores envolvidos?
Priscilla Louzada de Sena é autora do livro Mimimi: reações negativas à publicidade nas redes sociais, disponível na Amazon. Mimimi: Reações negativas à publicidade em redes sociais
Eu amei! parabéns escritora!