Espaço Físico

Meu lab, minha vida – O espaço físico dos laboratórios

A associação é praticamente imediata. Em qualquer conversa sobre inovação no setor público lá estão eles: os laboratórios! Podem aparecer como protagonistas, coadjuvantes, ou ainda como “renegados”, afinal, nem sempre um órgão público está disposto a investir em uma espaço físico para aprender, experimentar, testar, prototipar e entregar inovação.

Também é importante ter claro que não adianta ter um espaço “bonito e cheio de coloridos” (palavras de um alto gestor) se as pessoas da instituição não trabalham orientadas para inovação. O espaço físico de um laboratório deve atender o objetivo de fazer as coisas diferentes e servir como mais um instrumento à disposição dos servidores engajados em inovar o setor público .

Um lugar para inovar

A ideia de laboratórios de inovação pode ser análoga ao surgimento dos laboratórios de informática, no final do século passado. Eram espaços para os quais profissionais tinham que se deslocar, saindo de seus locais de trabalho habitual, para usarem os computadores. Hoje, os computadores estão conosco em todos os lugares.

O foco deste conteúdo é sobre a estrutura física de um laboratório de inovação e em como as instituições têm feito para levantar as paredes (coloridas e transparentes) dos seus laboratórios.

Existem labs que foram levantados com praticamente nenhum recurso, de forma bastante criativa e colaborativa; e também existem grandes projetos com arquitetura e design de interiores refinados. De uma forma ou de outra, a existência de um espaço físico parece ser bastante relevante para a concretização dos laboratórios. Segundo o IPEA, 70% dos laboratórios de inovação no setor público do mundo possuem um espaço físico dedicado. Aqui na WeGov, consideramos que, para ser chamado de laboratório, é ideal que exista de fato um espaço.

Obviamente, não será o espaço físico o ponto fundamental para que a inovação seja exitosa no setor público, mas é inegável que existe uma predisposição a trabalhar fora de um padrão quando somos expostos – visualmente, presencialmente – a um ambiente diferenciado.

Expor as barreiras

Existem muitos ganhos adquiridos na jornada de criação de um laboratório de governo. A missão de colocar o lab para funcionar, sempre encontra as barreiras em outras práticas e processos institucionais, isso revela uma espécie de diagnóstico da burocracia que “trava” a inovação. Boas histórias e experiências costumam surgir durante a construção de um laboratório. Por exemplo:

Um laboratório nos contou a história das primeiras tentativas de comprar “notas adesivas” e, por algum motivo, o departamento jurídico só permitiu a compra da cor amarela. Tudo serviu para que bons questionamentos fossem feitos sobre o processo de compras de alguns objetos.

Um outro laboratório, com o apoio da alta gestão, optou por dirigir-se até uma conhecida loja de decoração e comprar direto os puffs coloridos. Empoderando-se da decisão e aprendendo que é possível “empurrar as barreiras para fazer a inovação acontecer”.

Há ainda, casos em que os próprios servidores utilizam seus talentos e recursos para equipar o laboratório da instituição. Esse modelo de criação é rápido e também gera bastante aprendizado sobre a dinâmica funcional da instituição, mas fazer acontecer sem um aval superior, acaba demonstrando fragilidade para sustentar o lab por mais tempo.

O que deve ser o espaço do laboratório de inovação

O espaço físico deve indicar, através dos seus elementos, que nos laboratórios as regras são diferentes, mas isso não significa que esse espaço não seja de bastante trabalho e realize projetos relevantes e significativos.

É importante que fique claro para os servidores que o laboratório NÃO é apenas:

  • Uma sala bonita;
  • Um espaço de descanso e lazer de pausa para o cafezinho;
  • O lugar das oficinas de design thinking;
  • Escritório de projetos;
  • Local de eventos.

Um laboratório pode representar muitas coisas, mas não pode ser esvaziado do seu significado e razão de existir: aprender, experimentar, testar, prototipar e entregar inovação para o setor público.

Algumas dicas de como tornar essa razão tangível em um espaço físico:

  • Paredes em que seja possível escrever nelas;
  • Mesas e cadeiras móveis (rebatíveis);
  • Televisão e/ou projetor;
  • Canetas, post-its e outros materiais de trabalho que ajudem visualmente a destacar ideias;
  • Artefatos diversos que ajudem na prototipação de projetos (legos, massas, cards e etc).

Obs: Conforme a orientação vocacional do laboratório, outros materiais de prototipação serão necessários para experimentos de tecnologia ou construção de dispositivos (espaço maker).

Uma rápida busca pelos termos (mesas, cadeiras e etc) em portais de transparência – recomendamos o portal do Tribunal de Contas da União – pode ser útil quando você estiver na jornada de construção ou refinamento do espaço físico do seu laboratório.

O ambiente do seu laboratório não é apenas uma sala de paredes coloridas, ele tem um papel de extrema relevância, como Steven Johnson deixa extremamente claro na frase “a inovação não vem apenas de dar incentivos para as pessoas terem ideias brilhantes, ela vem da criação de ambientes onde as ideias possam se conectar.”