Cultura de inovação no setor público

Lincon Shigaki
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Como construir?

O país comemora, no dia 07 de setembro, um acontecimento histórico, onde Dom Pedro I, no Grito do Ipiranga proclamou a independência do Brasil. Neste dia, profundas transformações sociais e econômicas ocorreram pelo fim do domínio português e a conquista da autonomia política.
Após a sua independência, o país passou por um regime de Monarquia Constitucional. Nesse período de Gestão Patrimonialista, era legítimo a família real se utilizar dos poderes públicos para interesses próprios.

A evolução da Gestão Pública

Tendo apresentado esse breve contexto, percebe-se uma tentativa dos governos seguintes, criarem mecanismos para conter a prática de misturar interesses públicos e privados. Nesse processo evolutivo, criou-se o que Weber chama de Gestão Burocrática, onde uma série de normas e procedimentos visam o controle e impessoalidade da gestão.

“Historicamente, a burocracia foi essencial para superarmos o patrimonialismo. Na atualidade, a Gestão Pública precisa de agilidade para acompanhar as novas transformações sociais, e por isso, requer novos modelos de gestão para garantir uma Cultura de Inovação.”

A Cultura Burocrática do setor publico

Os seres humanos são animais denominados gregários por viverem em bando para interesses coletivos. Tendemos a nos comportar como o restante do grupo, e por vezes, perdemos características individuais para incorporar comportamentos socialmente compartilhados.
O fato da Gestão Pública possuir pouca inovação, está associado com o processo histórico de formação da cultura dessas organizações. Um dos possíveis entendimentos sobre cultura é “o conjunto de comportamentos obtidos pelas crenças compartilhadas do grupo”.
Usualmente se usa a expressão “a pior pessoa define o que é aceitável”. Isso ocorre quando comportamentos inadequados são praticados e socialmente aceitos. Desta forma, por mais que esses comportamentos não correspondam aos valores individuais de alguns integrantes do grupo, eles servem para reforçar o entendimento da cultura da organização.
Alguns pensamentos marcantes do excesso de burocracia do governo, são: “não é necessário dar o melhor de si com a estabilidade dos concursados”; “essa atividade sempre foi feita assim“; e “os projetos dependem de hierarquia e não de prioridades”.

Como se constrói uma cultura?

Para Edgard Schein, a cultura é gerenciável por pessoas cientes de seu papel na manifestação de entendimentos culturais. Essa pessoa faz isso por meio da ressignificação dos pressupostos culturais em curso. Existem dois mecanismos onde a cultura é construída:
1. Na solução de problemas: em problemas rotineiros da organização, a cultura se manifesta no conjunto de procedimentos e fórmulas capazes de resolvê-los.
2. Redução da ansiedade: quando uma situação inédita aparece para a organização, cria-se a sensação de ansiedade. O conjunto de ações capazes de gerar ordem e consistência cognitiva também reforça a cultura, mesmo que a ação seja se abster do problema.
A repetição da forma com que a organização passa por esses dois mecanismos acaba por firmar premissas inconscientes. Por sua vez, essas premissas originam os valores, comportamentos e até a distribuição espacial dos ambientes de trabalho.
A mudança cultural planejada passa pela geração de “acordos psicológicos” necessários para o comprometimento com novas crenças. Schein, defende a promoção de discussões em busca de novos entendimentos culturais, que são reforçados principalmente quando o discurso está alinhado com exemplos de uma cultura pretendida.

A Cultura da Inovação e os Laboratórios de Inovação em Governo

Para superar a cultura da burocracia é necessário que funcionários e lideranças do setor público passem a inserir novos estímulos nos mecanismos de construção da cultura, como por exemplo:
Reconhecer e valorizar soluções inovadoras
Estimular e desenvolver pessoas para superarem novos desafios
Aprimorar técnicas e processos de co-criação de soluções
Uma tendência para superar desafios e acelerar a incorporação da Cultura de Inovação é a criação de Laboratórios de Inovação. Trata-se de uma estrutura multidisciplinar, que tem como objetivo estimular a criação de novas soluções por meio de um ambiente que favoreça a geração de ideias com metodologias para prototipação e colaboração.
Foto: Sgt Batista – FAB


Criação e Operação de Laboratórios de Inovação

Entre os dias 05 e 07 de outubro, a WeGov vai realizar uma oficina com o tema: Laboratórios de Inovação em Governo: criação e operação. Para saber mais, acesse nossa agenda.
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Por Lincon Shigaki

Lincon é Facilitador de Aprendizado da WeGov. Formado em Administração na Universidade Federal de Santa Catarina. Trabalhou com consultoria em gestão no Movimento Empresa Júnior, onde foi Presidente da Ação Júnior e da Fejesc. Acredita que podemos viver em um país melhor, e não consegue se ver fora do processo de transformação dessa realidade.

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