Citizen to Citizen
Empresas trabalham com os conceitos de B2B, B2C, C2C e B2G. Para aqueles que não conhecem os termos, isso define o modelo de negócios de uma empresa (que pode ser mais de um), sendo que:
- B2B significa Business to Business. É o caso de uma empresa que produz e vende para outra empresa, como uma empresa que produz compressores e vende para uma empresa de eletrodomésticos;
- B2C significa Business to Consumer. É o caso de empresas que produzem e vendem diretamente para o consumidor, como uma empresa que produz geladeiras;
- C2C significa Consumer to Consumer. A negociação é feita diretamente entre consumidores, e há uma empresa servindo apenas como mediadora, como é o caso da OLX ou do Mercado Livre, e uma pessoa vende sua geladeira a outra;
- B2G significa Business to Government. É o caso de empresas que fornecem serviços e produtos para o governo.
Trabalhei em uma empresa de bens de consumo que tratava internamente o negócio como C2C – Consumer to Consumer. Isso mostra a preocupação em se pensar que o que está sendo desenvolvido dentro da empresa é desenvolvido de um consumidor para outro. Porque afinal, muitos dos que trabalham em uma empresa de bens de consumo também precisarão daqueles produtos e são também consumidores.
Acredito que essa seja uma abordagem que transforma a maneira de se pensar o que se está desenvolvendo, ao ser colaborador de uma empresa, e de cuidar com atenção do desenvolvimento daquele produto que futuramente você poderá comer, vestir ou colocar dentro da sua casa.
Modelos de Negócios Públicos
E se pensássemos esse conceito para os agentes políticos e agentes públicos? A abordagem das instituições públicas pode seguir a mesma lógica do C2C, mas fazendo uma mudança de Consumer to Consumer para Citizen to Citizen (ou Cidadão para Cidadão).
Entendendo da mesma maneira que se entende um negócio, que agentes políticos e públicos são também cidadãos que irão usufruir dos serviços presta que se está sendo decidido, criado e desenvolvido em nome de instituições públicas.
Agentes políticos são cidadãos que estão nessa posição porque foram escolhidos por outros cidadãos para os representarem. E agentes públicos (no caso dos servidores públicos) foram meritocraticamente selecionados para exercerem tal função ( ou pelo menos é o que esperamos, que os órgãos sejam transparentes e honestos com a seleção).
Que diferença nos serviços essa mudança de mentalidade promoveria? Ainda que algumas coisas não aconteçam diretamente para transformar a vida do próprio agente político/público, sempre haverá alguém muito próximo que será beneficiado (ou prejudicado), pelo que está sendo decidido e executado por eles.
Essa luta por direitos humanos que caracteriza a cidadania, deve ser também a luta de agentes políticos e públicos. Não se pode continuar pensando no Estado como uma entidade reificada, ou na manutenção do discurso Nós vs Eles. Todos somos o Estado.
Como fazer?
Como proposta, a abordagem metodológica do Design Thinking traz justamente a premissa de se colocar no lugar do outro para desenvolver um serviço ou produto.
Exercitar a empatia, ir a campo, entender as dores do cidadão é fundamental para o aperfeiçoamento dos serviços públicos. Nós trabalhamos por essa proposta de transformação das instituições públicas, incorporando o C2C – Citizen to Citizen ou Cidadão para Cidadão.
Recomendação: O site do Politize! explica aqui o que é cidadania.
Ótimo texto da Patrícia , pois além de explicar essa “sopa de letrinhas” para quem ainda não a conhece , coloca as coisas no “seu devido lugar” quanto à possíveis hierarquias de importância e relevância, tanto no mercado como nos governos; ou seja , no fundo , tudo se refere a PESSOAS!!
São apenas nós, simples seres humanos, as pessoas que trabalham nas empresas, trabalham nos governos; que consomem todo tipo de produtos e serviços, ou que são apenas chamadas de cidadãos!!
Se todos passassem a trabalhar e pensar, como se estivessem sempre “nos dois lados do balcão” ;
os possíveis problemas, mal entendidos, e conflitos do dia a dia , seriam muito mais fáceis de serem resolvidos no “calor da hora”, nas intermináveis e infrutíferas “brigas e confusões com os clientes”.
Ainda mais profundamente: seria uma forma muito mais eficiente até de se evitar e prever os conflitos , antes mesmo que eles possam vir a eclodir !!
Obrigada pelo feedback, Ary =) Resumiste bem o que eu quis passar com esse texto.
Um abraço,
Patricia
Patrícia muito bom seu texto. Acredito que a Gestão e a Administração Pública irão alavancar consideravelmente quando incorporarem o C2C – Citizen to Citizen ou Cidadão para Cidadão. O incorporar é bem mais forte do que muitas pessoas imaginam. O incorporar sugere vivenciar, analisar, pensar e agir. É a alternativa que temos para se colocar no lugar do outro e, com isso, vivenciar problemas e soluções que o outro imagina e pensa. O C2C permite que estrategicamente estejamos envolvidos com dinâmica da comunicação e, com ela, a construção de diversos cenários que poderão nos alicerçar e favorecer o “empowerment” para tomada de decisões mais rápida e coerente com a nova realidade apresentada.
Obrigada pelo retorno, Francisco! Trabalhamos para que esse conceito seja internalizado pelos servidores =)
Além desses modelos, existem outros? Quais?