A experiência na comunicação do Exército Brasileiro

Para ir direto ao “bizú”, siga para Tutorial. Para conhecer como o Whatsapp do Exército nasceu, morreu e retornou das cinzas, continue a leitura.

O WhatsApp do Exército (Nascimento)

A história começou no início de 2015, quando decidimos utilizar o WhatsApp com ferramenta de comunicação unidirecional e top-down, para veicular informações dos concursos e processos seletivos para o Exército Brasileiro.
Hoje está claro que a “apropriação” de um aplicativo de troca de mensagem, com suporte nativo a formação de grupos e conversas bidirecionais, de forma engessada e sem interações não daria certo. Na época o plano parecia simples: adicionar e gerenciar usuários em listas de broacasting e enviar esporadicamente mensagem a esses usuários, ignorando suas interações.
Era um plano quase perfeito, exceto pelo fato de que:

  • não se controla as ações dos usuários;
  • que o WhatsApp não possui uma API oficial;
  • as listas são difíceis de gerenciar;
  • não há a garantia da entrega, pois somente o usuário que salvou o contato irá recebê-la, e;
  • mesmo para estes, há falhas na entrega (na época fizemos alguns testes com um jornal da região Sul que estava adotando o modelo).

O WhatsApp do Exército (Morte)

Pois bem, no primeiro dia, após divulgarmos o serviço no Facebook, mais de 10.000 pessoas mandaram mensagens para o número do Exército e o WhatsApp bloqueou nosso número e ganhei alguns cabelos brancos pensando em como administrar o recém-nascido monstro.
Para salvar o “emprego”, solicitei o desbloqueio para o WhatsApp até em mandarim, o que ocorreu após 24 horas. Com o número desbloqueado os pedidos de cadastramentos ficaram em torno de 100 por dia. Administrar as listas, cada uma aceita somente 250 contatos, a partir de um tablet, se tornou improdutivo demais. Sem falar que a questão de ignorar o relacionamento com o público soava como arrogância.
Pensei em contratar alguma empresa que oferecem SAC pelo WhatsApp, mas não tínhamos recursos, nem pessoas e não queríamos correr riscos com API não oficiais. Ainda acho que o Facebook está perdendo muito dinheiro nisso.
Com o tempo e o efeito “bola de neve”, comecei a elaborar estratégias para encerrar o serviço, que tanto tinha insistido para criar. A solução veio na substituição do Whatsapp pelo Instagram, mídia que ainda não tínhamos presença. Após elaborada argumentação com os chefes, o Whatsapp do Exército foi enviado para a reserva não remunerada, em setembro de 2015, e o Instagram para o serviço ativo.

O WhatsApp do Exército (Ressurreição)

Mesmo sem uso, mantive o número do WhatsApp do Exército habilitado. Quase dois anos depois de desativado, continuávamos a receber algumas dezenas de mensagens por dia, muitas ainda contendo a data de nascimento e o nome do usuário, que eram os pedidos iniciais do serviço proposto.
Enfim, a missão era: Explorar o potencial desse meio, sem dispender nenhum (ou pouquíssimo) recurso financeiro e humano. Então veio a ideia de utilizar um Bot para facilitar o serviço.
Com algumas pesquisas no Google, vi que era possível, mas que seria necessário aplicar o root ao telefone. Nos EUA, o roteamento do iPhone (jailbreak) já foi considerado pela justiça como legal. No Brasil ainda não há nada nesse sentido.
Tudo implementado, o WhatsApp do Exército (+55 61 9109-5536) usa e abusa de Emojis, textos humanizados e menus para guiar o cidadão sobre as formas de ingresso no Exército. De quebra, ainda oferece as principais notícias que selecionamos para o dia.

Tutorial: Bot no Whatsapp

5 passos para criar um bot no Whatsapp


Passo 01: A ESCOLHA DO DISPOSITIVO MÓVEL

Recomendo que a instalação seja realizada em um dispositivo tipo tablet, já que o Bot é gerenciado no próprio dispositivo. Isso facilitará a criação e modificação das regras.
Só testei em Android. Acredito que para iOS seja mais complicado.
Sobre a questão da conexão, decidimos que o dispositivo deveria ficar conectado 24 horas no Wi-Fi da instituição.


Passo 02: INSTALAR A ÚLTIMA VERSÃO DO WHATSAPP

Atualize o aplicativo.


Passo 03: ROTEAR O TELEFONE

Atualmente o processo é bem simples. Existem aplicativos que fazem isso diretamente no aparelho. Alguns modelos de celulares e tablets podem precisar de um computador para realizar o roteamento.
a. Baixe o aplicativo Kingo Root (mais famoso) para Android (https://www.kingoapp.com/) e instale o aplicativo no aparelho. Para isso, é só seguir o passo a passo descrito nesse link https://root-apk.kingoapp.com/kingoroot-download.htm;
b. Após a instalação, abra o aplicativo e clique em Auto-Root. Nem sempre funciona em todos os modelos, por isso, caso não consiga, siga para a letra c; e
c. Esse é link e o guia para baixar o Kingo Root para Windows e rotear o telefone: https://www.kingoapp.com/android-root/download.htm.
Após a instalação, o próprio aplicativo indicará os passos que devem ser seguidos.
Se obteve sucesso, prossiga. Caso contrário, tente novamente ou peça ajuda ao pessoal amigo da TI.


Passo 04: INSTALAR O BOT

a. Na Play Store, baixe a versão free do WA Chat Bot (também chamado do Autoresponder for WhatsApp), o fabricante é a TK Studio. Se funcionar, baixe a versão PRO, pois só ela permitirá que se configure mensagens de boas-vindas, além de uma infinidade de respostas customizadas;
b. Instalado o App, comece pela seção Settings, onde é importante preencher o campo Package Of WhatsApp com a seguinte informação: com.whatsapp . Se você usa uma versão não oficial do WhatsApp, é possível que essa informação seja outra;
c. Após salvar, é hora de configurar as regras. Na tela inicial click em RULES;
d. São três tipos de regras na versão PRO:

  • 1) Welcome Message – Vai enviar uma mensagem padrão sempre que uma nova conversa for iniciada (Imagem1);
  • 2) Trigger – Responde se a mensagem recebida tiver um palavra ou conjunto de palavras. Ex: “tudo%/%com” responderá uma mensagem do tipo “Olá, tudo bem como você”; e
  • 3) Normal – Responde se a mensagem contiver somente o texto digitado ou use * para responder todas as mensagens. Essa é função ideal o para o Menu de Opções. Se colocarmos 1, o Bot não responderá se a pessoa colocar 11 ou 12.

e. Trabalhando com mensagens diferentes de acordo com o horário do dia:
Existe a opção na criação de regras, chamada Time Restriction. Eu uso para que a resposta contenha “Bom dia” se a mensagem for de dia ou “Boa Noite” se for de noite. Funciona muito bem e uso com as Welcome Message, que e a mensagem padrão enviada para a primeira interação.

Imagem 1. Exemplo configuração da Welcome Message


Passo 05: Planejar a interação

A melhor forma é por menus de opções. O sistema não é uma inteligência artificial, mas pode ajudar bastante.
O legal é que na Welcome Message contenha uma mensagem de boas-vindas, personalizada pelo horário, a informação do órgão, o menu de opções inicial, e a informação de que se trata de mensagens automatizadas*.
*mesmo assim, algumas pessoas querem conversar.
Começamos com uma linguagem institucional demais, depois a tornamos bem mais humanizada.
Era assim…

Ficou assim..

Com o tempo, é possível personalizar mais o “diálogo”. É possível enviar uma mensagem final, caso o usuário envie um obrigado, um like, um valeu ou vlw.

Conclusão e desafios atuais

Bem pessoal, acredito que esse tutorial / guia já serve como uma boa introdução. Mas queria finalizar com algumas observação e projetos futuros:
O WAChat Bot não é associado ao WhatsApp e pode ser banido um dia, embora não use nenhum tipo de API. Por isso, digo sempre, o sistema é Beta.
Não adianta só criar o monstrinho, tem que cuidar e alimentar. Juro que dá menos trabalho que uma criança.
Desafio 1: Toda mensagem recebida de um usuário novo, ele será adicionado aos contatos do telefone. Ainda não sei como fazer.
Desafio 2: Enviar, de acordo com a programação uma mensagem de Broadcasting para os membros de uma lista. Está quase pronto, já consegui fazer com que o Bot mande uma mensagem para um grupo de “divulgadores” que recebem as notícias e espalham nos grupos.


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Por Paulo Sousa

Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro. Responsável pela inovação, análise e gerenciamento das mídias sociais do Exército Brasileiro desde 2014, é Pós-graduado em Modernos Sistemas de Comunicações pela UFF e Pós-Graduado em Comunicação nas Redes Sociais pelo UniCeub em 2016.