Paulo Manoel Dias
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Será que é possível eliminar as barreiras que afetam a expressão da criatividade nas organizações?

Quer ver a criatividade em seu auge, fluindo sem restrições? Pare para observar as crianças interagindo!  Nas brincadeiras de criança a criatividade é exercida, sem críticas. Mas, ao longo do tempo vamos deixando para trás o pensar criativo, que “ainda” é visto com certo preconceito na vida acadêmica e profissional. Ora, passamos a ser mulheres e homens sérios, não há tempo para brincadeiras!
Mas será que é possível contornar as barreiras que afetam a expressão da criatividade nas organizações?
Eu particularmente, acredito que sim, e alguns autores como Hicks (1991), também. Hicks, estudando a criatividade no ambiente organizacional classifica as suas barreiras em cinco grupos: de percepção, emocionais, culturais, ambientais, e intelectuais.
Ao reconhecer estas barreiras podemos agir para suprimir, reduzir a influência ou contorná-las. Vamos conhecer um pouquinho mais sobre cada tipo de barreira?

Barreiras de percepção

Estão relacionadas com a forma como a mente gerencia os dados recebidos, ou seja a forma como os acontecimentos são percebidos. Nesta classificação encontram-se:

  • Estereótipos (generalizações sobre comportamentos de outros).
  • Dificuldade de isolar problemas.
  • Visão restrita (visão tipo túnel).
  • Inabilidade de se perceber os acontecimentos de vários pontos de vista.
  • Falha na utilização eficiente de todos os sentidos.

Barreiras emocionais

Quando emoções e sentimentos afetam negativamente nossa capacidade de pensar de forma criativa. São elas:

  • Desejo exagerado por segurança e ordem.
  • Medo de cometer erros.
  • Despreparo para assumir riscos.
  • Falta de motivação.
  • Dificuldade de reflexão.
  • Pressa em resolver os problemas.
  • Incapacidade de uso da imaginação.

Barreiras culturais

Decorrentes da influência da cultura da empresa e da sociedade em nosso modo de pensar e agir. As barreiras culturais tem efeito cumulativo, ou seja, ao longo do tempo vão restringindo cada vez mais a criatividade. Como já dito, crianças são altamente criativas, porém a cultura de nossa sociedade vai “podando” esta habilidade com o tempo. São exemplos de barreiras culturais:

  • Crença que a melhoria não é praticamente impossível.
  • Dizer que reflexão é pura perda de tempo.
  • Crença de que pensar de um modo descompromissado é restrito à crianças.
  • Achar que a lógica é sempre melhor que a intuição.
  • Acreditar que tradição é melhor que mudança.
  • Tabus organizacionais.
  • Estilo de gerência e da liderança da organização.
  • Falta de suporte ao trabalho em grupo.
  • Relutância da organização em implementar as ideias geradas.

Barreiras ambientais

Manifestações físicas no ambiente de trabalho que afetam o “pensar criativo”, por exemplo quebrando a sequência de formulação de ideias.

  • Distrações do ambiente (ruídos, chamadas telefônicas constantes, etc.).
  • Monotonia.
  • Desconforto físico e mental.
  • Restrição de acesso aos meios adequados de comunicação.

Barreiras intelectuais

Dificuldades de relacionamento entre membros de uma equipe de trabalho, podendo se manifestar das seguintes formas:

  • Escolha incorreta da linguagem de solução de problemas.
  • Use inflexível ou inadequado de estratégias e métodos.
  • Falta de informações corretas.
  • Dificuldade de comunicação entre pessoas.

Diante das barreiras, o que fazer?

Ao ler a relação de barreiras acima o objetivo não é desanimar quem atua como gestor ou membro de uma equipe de trabalho. Pelo contrário! Ao invés de simplesmente afirmar que “minha equipe não é criativa” você pode se questionar “como reduzir a influência das barreiras que afetam o pensar criativo?”, e assim ser mais assertivo nas suas ações.

Barreiras de percepção podem ser trabalhadas com atividades em grupo, focadas em solução de problemas, com foco no uso do conceito de empatia. As pessoas devem ser estimuladas a registrar suas percepções e não apenas fatos e dados.

Uma forma eficaz de tratar barreiras emocionais é deixando claro os objetivos da organização, reconhecer o erro como oportunidade de aprendizado, e dar autonomia para as pessoas, para que se sintam desafiadas, com o consequente reconhecimento não só de resultados mas também de esforços.
Quanto às barreiras culturais, o exemplo das lideranças é muito importante para combate-las. Tabus organizacionais devem ser debatidos, até que se chegue as reais causas destes modelos mentais, e o uso dos 5 Porquês costuma dar bons resultados. O modelo de gestão não deve ser uma camisa de força, e sim um fio condutor, resistente mas flexível.
No que diz respeito às barreiras ambientais, fuja das baias que isolam as pessoas, de atividades altamente especializadas e não conectadas na forma de processos, de ilhas de conhecimento. Crie um ambiente de trabalho que não cause sofrimento.
Barreiras intelectuais são combatidas com comunicação confiável, atualizada e acessível à todos. A linguagem usada deve ser tão simples quanto possível, do jeito que as pessoas entendam, sem eufemismos.
E vocês, reconhecem algumas das barreiras à criatividade? Tem dicas de como agir para eliminar ou reduzir estas barreiras? Compartilhe aqui no Blog!


Criatividade x Inovação

Vale a pena assistir à explicação da nossa WeGover, Carol, sobre as diferenças entre criatividade e inovação

[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=jrDwCqVlCX8&w=720&h=400]

Referências: HICKS, Michael J. Problem Solving in Business and Management. London, Chapman & Hall, 1991.

Paulo Manoel Dias
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Paulo é HubGover pelos Correios e sugere ações para esse desafio

Você executa ou é parte interessada em um processo, quer queira ou não! Tudo o que consumimos, seja um bem um serviço, precisa de processos para ser executado. A sua última refeição em um restaurante demandou atividades como definir cardápio, comprar ingredientes, preparar refeição, servir refeição …

Um processo é um conjunto de atividades, conectadas e organizadas com base em alguma lógica, que consomem recursos da organização, são regidos por determinados controles (procedimentos, normas, indicadores de desempenho), e geram como resultado um ou mais produtos: bens, serviços ou uma combinação de ambos. Os processos transformam entradas em algo com um valor maior.

É importante destacar que os processos, não respeitam as “fronteiras” da organização, os setores ou departamentos. Por exemplo, um processo de contratação de serviços envolve várias áreas, como área demandante, área de contratação, jurídico.
Para que estes processos gerem no final das contas aquilo que se espera, é preciso que sejam gerenciados. Aí podemos falar então em “gestão de processos”, ou o tal de BPM (Business Process Management – Gestão de Processos de Negócios). Ah, e apesar do termo “negócios”, não se engane, o BPM se aplica perfeitamente à gestão pública.
Mas … será que as organizações realmente precisam se preocupar com a gestão dos processos? Não há coisas mais importantes e urgentes com as quais se preocupar? Para ajudar a responder essa pergunta você pode refletir se já vivenciou os problemas abaixo, relacionados com a má gestão dos processos:
Atividades duplicadas das quais ninguém sabe quem é o responsável
Não saber por onde começar ao chegar em um novo setor ou assumir atividade diferente
Não saber se o desempenho daquilo que executamos está dentro do esperado
Falhas repetidas, que afetam a satisfação dos clientes internos ou externos
Dificuldade de entender como a atividade que você realiza contribui para o desempenho da organização e para a satisfação dos clientes
Excesso de trabalho para algumas pessoas enquanto outras ficam esperando serviço
Agora, se você acha que precisa tratar a gestão dos processos com mais carinho, como começar? De forma “muito” resumida você precisa:


1. CONHECER

Definir os processos de sua organização e mapear estes processos, com o uso de representações gráficas (diagramas, fluxos) e textuais. Aqui entra o mapeamento dos processos, e outras formas de documentar a situação atual.


2. IDENTIFICAR

Com base no mapeamento dos processos da etapa Conhecer, você precisa identificar “oportunidades de melhoria”, que possam gerar ganhos incrementais de desempenho ou, por outro lado, redefinir totalmente os processos, desenhar um processo novo partindo praticamente do zero. Aqui se aplicam ferramentas de análise e melhoria de processos, e o design thinking quando se busca inovar com foco no ser humano.


3. AGIR

Transformar as oportunidades de melhoria identificadas, após alguma forma de priorização, em planos de ação ou projetos, que demandaram tempo e esforço, e adequado gerenciamento, para que ganhos possam ser obtidos. E ainda, muito importante, documentar o aprendizado gerado para o processo em questão e para a gestão do processo como um todo.
Aqui se aplica o conhecimento de gerenciamento de projetos e gestão da mudança, se pratica a habilidade de negociação para convencer as partes interessadas, e se demonstra atitude para passar pelos obstáculos que certamente surgirão.
E então, que tal botar a mão na massa e tentar melhorar a experiência do cliente com base na melhoria ou quem sabe inovação nos processos?