Uma mudança de olhar do individual para o coletivo
As empresas que carregam a fama de serem inovadoras e excepcionalmente criativas, geralmente estão associadas aos seus líderes idealistas e entusiastas. Por isso, não é raro o nome de empreendedores em listas de celebridades ou de grandes influenciadores, destacando assim, a imagem de grandes heróis contemporâneos.
A realidade da gestão pública no Brasil, parece acompanhar essa mentalidade. Tendemos a especular a vinda de um “profeta” ou gênio que guiará profundas transformações na instituição e na sociedade, e procuramos algum “culpado” quando o nível de inovação é insatisfatório frente às demandas sociais.
Inovação como um fruto da atmosfera social
Quero questionar aqui como nossos modelos mentais nos levam à individualização da capacidade criativa. A genialidade de alguns empreendedores não necessariamente é uma característica inerentemente individual, fruto de um milagre de combinações genéticas. Existe uma forte influência dos ambientes catalisadores para permitir a emergência de ideias inovadoras.
O que determina o comportamento e a capacidade criativa individual é, na verdade, a bagagem das experiências das atmosferas sociais que o empreendedor vivenciou e ainda vivencia. Em outras palavras, as instituições: família, religião, escola, empresas e demais ambientes contribuem, mesmo que de forma não intencional, com o nível de afinidade em conceber, propor e implementar soluções inovadoras.
Conduzindo mudanças no setor público
O desafio da gestão pública, em termos de inovação, é romper com a usual atribuição da inovação à individualidade. Ao mesmo tempo, posicionar a instituição como cultivadora de uma atmosfera de inovação.
Quando mudamos o ponto de vista da inovação para um contexto social institucional (e das relações sociais dentro da instituição), percebemos o quanto ela também pode contribuir para asfixiar e inibir a emergência da criatividade. Isso pode ocorrer no governo com:
Pouco estímulo para assumir riscos;
A responsabilidade da culpa superar o mérito das realizações (“se eu errar estou perdido, se eu for bem será mérito do chefe“);
Fomento a uma cultura da desconfiança (“ih lá vem ele com esse papo de doido“);
Excesso de imposição da hierarquia (“meu chefe não autoriza, e quer de outro jeito“), entre outras formas.
Com frequência, ouve-se que no setor público as pessoas são resistentes às mudanças. Mintzberg explica que nestes casos, as pessoas foram “super gerenciadas” por muito tempo. Além disso, a melhor forma que os gestores podem contribuir para reverter essa situação é preparar condições pelas quais as pessoas irão seguir seus instintos naturais para experimentar e transformar seus comportamentos, ou seja, “desgerenciar” positivamente.
A inovação surge na interação
É comum gestores proporem “gerenciar mudanças”. Para Mintzberg a expressão se contradiz porque se baseia na débil suposição de que existe um processo ordenado de pensamento e implementação que pode traçar objetivamente um curso de ação.
As organizações podem ignorar, resistir, responder, tirar proveito e até criar mudanças. O que de fato irá tornar a inovação relevante é o “encaixe” entre o engajamento do grupo, disposição de recursos (não necessariamente financeiros) e interesses sociais da inovação. Portanto, defendo a tese que as novas soluções tem como protagonista a própria atmosfera social, e não necessariamente algum gestor específico.
Incorporando a cultura de Inovação
Cientificamente o DNA humano possui uma mínima diferença entre os indivíduos. Porém, sabe-se que muitos gênios têm em comum a universidade do MIT por exemplo, ou muitas empresas de sucesso surgiram no Vale do Silício. A tese se confirma quando pensamos que não é onde gênios nascem, mas qual atmosfera social é formadora de talentos. Afinal, seria estatisticamente improvável ter no Vale do Silício algo como um “berçário de gênios”.
Transformar a instituição pública em um ambiente de inovação é sobretudo, torná-la um ambiente de aprendizado. É importante estabelecer nas relações do grupo uma confiança e um comprometimento mútuo com a organização, apoiada com métodos e técnicas de facilitação de processos criativos de aprendizado.
Espaço de Aprendizado
A WeGov se denomina um Espaço de Aprendizado em Governo, justamente por acreditar nessa tese. Portanto, cumpre sua missão de empoderar agentes públicos para levar conhecimentos para suas instituições. Desta forma, a WeGov aproxima diferentes instituições para ampliar a visão sobre os problemas complexos, e ilumina conhecimentos através do learn by doing.
Se esse texto faz sentido para você e para o momento da sua instituição, tem interesse em fomentar a cultura da inovação e capacitar pessoas em inovação no setor público, entre em contato com a gente para descobrir como podemos tornar a sua instituição uma atmosfera de inovação.