Report Social Media Gov 2015
Não há dúvidas de que o mercado de marketing e comunicação digital nos EUA é mais maduro se comparado com o brasileiro. Com grandes cases de sucesso desde pelo menos 2005, os americanos têm um corpo de estudo e muita experiência nas costas – enquanto que em terras tupiniquins, a internet começou a se mostrar de grande relevância estratégica a partir de 2010, apesar de inúmeras empresas e agências já trabalharem com isso desde 2008, pelo menos.
Essa maturidade certamente não é só fruto do maior tempo de experiência e pelo incentivo que a economia americana dá ao empreendedorismo, à inovação e ao risco. Lá há espaço, demanda e interesse para uma gestão coletiva do conhecimento adquirido; não é por acaso que metodologias tão comuns aos dias de hoje, como Scrum, Lean Start-up entre outras tenham o berço nos EUA.
No mercado de marketing e comunicação digital, existe uma instituição que estuda as práticas das empresas, compreende comportamentos, estratégias, estruturas e tipos de gestão de uma gama bem variada do mercado. A partir desses estudos e análises, criam e compartilham padrões, relatórios, frameworks e metodologias de trabalho.
Essa instituição, chamada de Altimeter Group, tem como referências os especialistas Charlene Li (autora de um dos primeiros títulos de destaque no mercado de marketing digital, Groundswell) e Brian Solis (autor do livro Engage!, outro título inovador sobre a definição de engajamento em esforços digitais). Além desses dois grandes nomes, o Altimeter Group conta com um corpo de 7 pesquisadores e diversos analistas que são especialistas em distintas verticais do marketing e comunicação digital, os quais divulgam frequentemente e de modo gratuito suas pesquisas, além realizar webinários.
Como o Altimeter Group faz uso da inteligência coletiva para suas metodologias
Os materiais criados pela instituição são feitos a partir de conversas entre os pesquisadores e os profissionais do mercado, que compartilham seus resultados e conquistas, seus desafios e percalços, seus receios e inovações, suas dificuldades e erros. Dessa maneira, a assertividade do Altimeter Group fica respaldada na experiência coletiva, diluindo os contornos “manualescos” de “faça isso ou faça aquilo” e ganha características mais universais de boas práticas e tendências de atuação.
Para fins ilustrativos, recomendo que acessem esse material (naturalmente escrito em inglês, como todo o material da instituição), feito pelas pesquisadoras Susan Etlinger e Rebecca Lieb, que descreve uma metodologia sobre como medir resultados de marketing de conteúdo. O relatório, um dos mais recentes do Altimeter Group, apesar de trazer uma metodologia com cara de passo-a-passo, traz ainda uma visão estratégica baseada em diversos cases de mercado estudados pelo Altimeter Group.
Listo aqui alguns dos relatórios que gosto mais e que mais se assemelham e podem ser lidos e adequados à realidade brasileira de comunicação digital para órgãos públicos:
The 2015 State of Social Business: Priorities Shift From Scaling to Integrating
- The 2015 State of Social Business: Priorities Shift From Scaling to Integrating (2015), por Ed Terpening
- The Innovation Game: Why and How Businesses are Investing in Innovation Centers (2015), por Brian Solis e Capgemini Consultancy
- What Do We Do with All This Data? (2015), por Susan Etlinger;
- Content Marketing: A Framework to Determine Needs & Solicit Proposals (2014), por Rebecca Lieb;
- State of Social Business (2013) , por Charlene Li e Brian Solis;
- New Business Models to Lead Digital Custumer Experiences (2013), por Brian Solis;
- Be Prepared By Climbing The Social Business Hierarchy of Needs (2011) , por Jeremiah Owyang.
Como o Brasil pode se unir e criar metodologias para nossa realidade
O Brasil, por diversos motivos, não chegou na mesma maturidade que os EUA tanto em termos de experiências adquiridas quanto em termos de institucionalização ou formalização. Isso não significa, contudo, dizer que não tivemos nenhuma iniciativa no sentido de formalizar o mercado e promovê-lo de uma maneira
A largada foi dada!
Em 2011, durante minha frutífera e rica passagem pelo Scup, empresa que vende a principal ferramenta de monitoramento de mídias sociais do país, tínhamos um objetivo muito claro: melhorar o mercado. À época, fazíamos isso criando um bom produto e dando consultoria de como extrair o máximo da ferramenta, mas sentíamos que era necessário algo mais. Diego Monteiro, um dos fundadores do Scup e uma referência para empreendedores e profissionais de marketing digital, sentiu que seria interessante criar e compartilhar um material com base nas boas práticas do mercado .
Foi aí que fui convidado a fazer parte de uma pesquisa sobre as rotinas e práticas de mais de 50 profissionais do mercado. Como resultado desse estudo, desenhamos uma metodologia de monitoramento de mídias sociais – que chamamos de Social Media Cycle (SMC), disponível em nosso livro lançado em 2012, Monitoramento e Métricas de Mídias Sociais: do Estagiário ao CEO e que trata de todo o processo referente ao monitoramento de mídias sociais: da definição da ferramenta contratada, da equipe formada, do planejamento, da definição de objetivos, da operação, da gestão, etc.
Nosso esforço foi bastante embasado na referência do Altimeter Group, principalmente em sua metodologia de pesquisa e linguagem, mas optamos por buscar um caminho mais tupiniquim e mais coerente com os desafios e necessidades que mapeamos no próprio mercado. Naturalmente, ajustamos e calibramos nossas premissas e hipóteses de acordo com o que descobríamos no decorrer da pesquisa, levávamos nossas questões e dúvidas para a direção das dúvidas do mercado – e validávamos cada nova teoria com os profissionais.
E em que pé estamos?
Naturalmente, não éramos os únicos interessados em melhorar o mercado de marketing digital e, não por acaso, desde 2012, começou a surgir um esforço muito grande para auxiliar o profissional de comunicação e marketing digital de maneira geral. Exemplos existem aos montes – desde os treinamentos que empresas oferecem para sua ferramenta como Facebook, Google e o próprio Scup oferecem para seus anunciantes até conteúdos menos técnicos criados por empresas de SaaS (software as a service).
Listo aqui alguns exemplos que acompanho mais de perto e recomendo:
- Scup Ideas: ainda com a mesma missão de melhorar o mercado de Mídias Sociais, o Scup criou um ambiente onde compartilha e-books, pesquisas, infográficos e manuais de utilidade para o profissional de mídias sociais;
- Resultados Digitais: a Resultados Digitais é uma empresa que vende o SaaS RD Station, de modo que o conteúdo gerado auxilia no mindset para o melhor uso do produto, além de justificar a necessidade de sua contratação. De todo modo, o conteúdo, voltado para táticas e estratégias de marketing de conteúdo, são bem práticos e destinados à operação;
- Tracto: a Tracto é uma empresa que presta consultoria e oferece cursos voltados para marketing de conteúdo. Os e-books e relatórios que disponibilizam em seu site são voltados para tendências de mercado e alguns manuais e guias práticos;
- Entusiastas de Social Media: esse daqui é o mais descentralizado; é um dos vários grupos no Facebook (talvez o principal deles) onde o mercado se ajuda, troca opiniões, esclarece dúvidas e cria a cultura brasileira de Mídias Sociais.
E o que falta?
Nós, do mercado self-titled Social Media Gov, sofremos com uma carência bem grande de conteúdos e metodologias de trabalho – ainda estamos na fase empírica do conhecimento, com grande curva de aprendizado e muita gente empenhada em explorar as possibilidades da comunicação e marketing digital. Os frameworks úteis para uma empresa são, em sua maioria, diferentes daqueles que servem para Social Media Gov por diversos motivos – pra começar, os objetivos não são tão claros e simples como “aumentar faturamento” ou “melhorar a percepção do público sobre nossa marca”.
O WeGov é um grande personagem nesse sentido – é, talvez, a principal referência de conteúdo do mercado e uma das mais próximas do cotidiano e dos profissionais, o que lhe garante um diferencial enorme. Os encontros e debates que o WeGov propicia servem como catalizador do amadurecimento em direção a uma união
Nós, do mercado self-titled Social Media Gov, sofremos com uma carência bem grande de conteúdos e metodologias de trabalho – ainda estamos na fase empírica do conhecimento, com grande curva de aprendizado e muita gente empenhada em explorar as possibilidades da comunicação e marketing digital.
Ainda não há, porém uma metodologia formalizada ou um estudo que direcione os trabalho de Social Media Gov de maneira geral – ou seja, todo o apanhado colaborativo que o WeGov consegue fazer não está agrupado em um framework ou em um estudo, como faz o Altimeter Group.
Com o intuito de ir no sentido da formalização e criação de um framework para nosso mercado, será lançada no Dia D da Comunicação Digital no Setor Público uma pesquisa em parceria da BR.AZ, empresa que realiza estudos e consultorias sobre Social Media Gov e inovação para gestão pública, com o WeGov, O produto desse estudo será o Report Social Media Gov 2015, que será divulgado no começo de 2016 e busca servir como parâmetro para o trabalho estratégico e gerencial para todo nosso mercado.