Porque governos locais precisam pensar além do dinheiro
Fonte: Lydia Ragoonanan (Nesta)
Na última semana de setembro a Nesta reuniu parques de inovação, empresas sociais e inovadores locais para considerar em que ambiente os parques públicos operarão em 2050. Um dos cenários imaginados é que o uso, conservação e melhoria dos parques públicos serão mantidos através de grupos que os utilizem.
Pessoas que gostam de futebol podem aceitar manter a grama aparada em troca de poder jogar em horários preferidos. Os que passeiam com cachorros e pessoas que realizam piqueniques podem concordar em cuidar do lixo jogado no chão para em troca aproveitarem o local.
Essa ideia faz sentido pois estabelece uma relação diferente entre a estrutura de poder e os serviços públicos. A iniciativa imagina um tipo diferente de engajamento democrático que muitas autoridades locais podem utilizar atualmente. Ela enfatiza o papel das pessoas como parceiras nos estágios de desenvolvimento e entrega de serviços.
Deslocando estruturas de poder
No mundo real, estamos vendo os benefícios de abordar os desafios de cidades de uma maneira mais coletiva. Infelizmente, estamos observando também uma queda quando comando tradicional e modelos de controle da governança local.
Poucos exemplos podem ilustrar melhor o ponto do que os estudos de Harry Wallop em seu recente artigo. O Governo de Liverpool é um dos que vem considerando vender alguns de seus parques para aumentar os seus fundos.
Na minha experiência liderando o programa “Rethinking Parks” aqui na Nesta, algumas autoridades locais que não se envolveram diretamente em nosso programa estão pesquisando opções para destinar fundos em locais necessários sem conversar com a população e comunidade afetada. Mesmo assim, as pessoas não são mais apenas usuárias dos serviços locais, então não devem ser deixadas de fora do processo decisório em problemáticas como essa.
Convidando as pessoas para colaborar
A melhora real está mais na filosofia de colaboração dos usuários do que na mentalidade de pagamento por uso. As melhores instituições públicas já estão fazendo isso. Elas estão dando um novo sentido para pessoas as pessoas e o seu papel ao participar do serviço público, já que as envolvem diferentemente, em todos os estágios do processo.
Um exemplo é a criação do “Park Hack Innovators”, um grupo de empresários criativos e engajados em Londres. Eles trabalham em parceria com outras organizações para imaginar e desenvolver melhorias para os parques de lá.
Podemos aprender com outros países também. Em Reykjavik (capital da Islândia), as pessoas podem dar ideias para melhorar os serviços das cidades através do website “Better Reykjavik”. Em Christchurch, na Nova Zelândia, o projeto “Gap Filler” trabalha com um conselho suporte para desenvolver soluções criativas temporárias para jogos, encontros, entretenimento e comércio; tudo com a premissa de que ótimas ideias podem vir de qualquer lugar.
No Brasil, a rede “Nossas Cidades”, ganha cada vez mais força formando parcerias para repensar e transformar o uso dos espaços públicos nas cidades. A cidade de Blumenau, em Santa Catarina, tem realizado ações fantásticas através da rede “Minha Blumenau”.
O “Cidade Democrática”, identifica desejos coletivos através da participação de diversos públicos. Dessa maneira, as decisões são tomadas com o apoio da inteligência coletiva. Esse é um novo modelo de colaboração para governança social.
O ponto comum entre essas abordagens é a atitude que deixa o ego de fora, e não é ameaçada pois as pessoas tem maior participação direta e permanente do que um ciclo eleitoral de quatro permite.
Essa mudança não é um modelo fácil ou intuitivo para muitas autoridades que estão sempre sob pressão financeira. Mas os ganhos em envolver as pessoas na resolução de problemas pode ser uma das chaves para as autoridades locais em tempos difíceis.
Fonte: Lydia Ragoonanan (Nesta)