Inovação não é sinônimo de complicação
Percebi, ao longo do meu trabalho desenvolvido na WeGov, que muitas vezes a inovação em governo é tida como sinônimo de inovação tecnológica. Obviamente há uma confusão lógica entre esses dois campos, que buscam repensar processos não mais eficazes e a sua substituição ou evolução, conforme as novas ideias e novos recursos que os dias modernos apresentam.
No entanto, há um conceito chave que deve ser elucidado: para que uma inovação ocorra, não é necessariamente preconizado o uso de tecnologias. Tenho dúvidas se tirar uma ação obsoleta do papel e transformá-la em um clique no seu celular ainda é considerado um método de inovação. Os recursos que temos hoje fazem dessa uma decisão óbvia, e não mais estratégica. No meu ponto de vista, a inovação vai muito além disso. Ela preconiza um novo meio de relação e interação entre uma problemática e a sua solução.
Foi isso que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano fez, ao tentar engajar cidadãos na instrução de como agir em emergências públicas. Os comunicados em suas redes sociais e sites não atingiam a população, e foi necessário repensar como despertar o interesse da sociedade para esse importante tópico.
Nesse sentido, a instituição lançou a “Força Tarefa Zumbi”, explicando como se proteger de um ataque zumbi com informações verdadeiras de como proceder em emergências públicas, tais como métodos de prevenção de passagem do vírus, procedimentos para acidentes ambientais, como montar um kit de emergência e utilização das informações divulgadas no site do Centro.
A ideia principal era que ao preparar a população para um ataque zumbi, ela estaria preparada para qualquer emergência.
Assim, utilizando técnicas básicas de storytelling, os personagens Todd, Julie e o cachorro Max ensinavam a população a se preparar para imprevistos da vida cotidiana.Esse caso serve como exemplo de uma inovação simples, por demonstrar que ao conhecer o seu público alvo, a instituição foi capaz de desenvolver uma solução que exigia baixos recursos e alto retorno.
A inovação não tem uma receita certa, mas pode ser mais simples do que imaginamos. Aqui seguem 4 passos básicos para implementá-la:
Conheça o seu público-alvo: utilize métodos tais como o mapa de empatia e a pesquisa etnográfica para delimitar os interesses e dores do seu público
Engaje: pense em ações que garantam uma mobilização e ownership do seu projeto – storytelling e atividades colaborativas podem alavancar a participação da população
Desapegue: pense em soluções que estejam dentro do seu campo de atuação, e que não fujam do orçamento possível dentro da sua instituição
Resista!: nem sempre as inovações são aceitas ou adotadas por todos de um dia para o outro – planeje prazos realistas e deixe muito claro os ganhos da adoção desse novo método.
A inovação pode acontecer sem grandes dispêndios financeiros ou dependência da área de tecnologia da informação – basta usar a criatividade e os ingredientes que possui para trazê-la à prática na sua instituição!