Reflexões
Finalmente, o tema “Inovação no Setor Público” está na agenda pública. Estamos descobrindo a inovação no setor público! Servidores públicos capacitados, eventos exclusivos, laboratórios e projetos inovadores são cada vez mais abundantes.
Mas vamos com calma; isso não significa (ainda) dizer que os resultados já chegaram na vida das pessoas ou os trabalhos estão transformando as instituições públicas – em seu modo de trabalhar – de forma significativa.
Através da WeGov, estamos conseguindo acompanhar os avanços do tema e também contribuir para que inovação transforme profundamente o setor público. Assim, apostamos que a prestação de serviços úteis, desejáveis e viáveis, será cada vez mais evidente em um futuro próximo.
Não é fácil. A “onda de inovação”, para aqueles que escolhem surfá-la, exige um esforço tremendo de descobrir aquilo que realmente importa ser feito e superar os obstáculos de um segmento hostil.
Como descobrir o que importa?
O verbo descobrir pode significar (i) encontrar algo novo ou simplesmente (ii) revelar algo que estava escondido. No setor público, a descoberta da inovação significa: tomar conhecimento de; perceber, notar.
Para descobrir algo novo é preciso ser um explorador. A abordagem metodológica do Design Thinking, estabeleceu-se como a principal porta de entrada para o maravilhoso mundo da inovação no setor público. O Design, é uma forma de explorar que permite a descoberta.
Em cada um dos mais variados processos de design, temos momentos de divergência e convergência, como movimentos necessários para inovação significativa. A perspectiva “das pessoas”, tomando lugar do tão famigerado “sistema”, abre espaço para que as possibilidades e oportunidades comecem a florescer.
O design thinking está intimamente ligado à inovação, temos muitos exemplos de servidores que participaram de um simples workshop, há poucos anos, e hoje são inovadores públicos explorando cada vez mais os ambientes instituicionais.
*Explorar x “Explorar”
“Ele saiu para explorar a caverna”
“O chefe estava explorando trabalhador”
Certamente, o significado do verbo explorar é diferente nas sentenças acima, (i) explorar para saber mais – reunir informação / prospectar, e (ii) explorar para usar mais – usar informação / obter resultados. Conforme a escolha do inovador, serão necessários mindset, processos e ferramentas diferentes. Alguns profissionais não conseguem estabelecer uma medida saudável entre explorar para prospectar e explorar para obter resultados.
A inovação não acontecerá se a forma de explorar estiver limitada à prospeção infinita ou encaixotada na obtenção de resultados “conhecidos”.
*Em inglês: explore/ exploit
Otimistas x Pessimistas
“O otimista acredita que vivemos no melhor dos mundos. O pessimista teme que isto seja verdade.”
James Branch Cabell
Alguns tendem a perceber a inovação como um mundo maravilhoso, e outros observam como algo desnecessário. “Não temos recursos para inovar”, acaba sendo um argumento comum, e errado. A inovação é um recurso. Não há necessidade de discutirmos quem tem razão. Entre otimistas e pessimistas, há uma realidade inegociável de que instituições públicas precisam inovar, da porta pra dentro e da porta pra fora.
https://www.youtube.com/watch?v=RNMY2G1Serc
Carência x Essência
O mundo maravilhoso da inovação, não deve ser fechado em si mesmo. Mesmo que tenhamos servidores públicos capacitados, eventos, laboratórios e projetos abundantes… As transformações ainda não aconteceram.
Quando descobrimos a inovação, devemos constantemente refletir e compreender o propósito de fazer as coisas de formas diferentes. O quanto eu preciso inovar (carência) e em quê consiste a minha inovação (essência).
Na metáfora do copo d’agua, “meio cheio” ou “meio vazio”, há um dilema de carência e essência. Se eu preciso exatamente de 200ml, o copo não pode estar “meio cheio ou meio vazio”. E, se no copo há veneno, eu não vou querer beber nenhuma gota.
Que a inovação esteja com vocês!
Foto Priscilla Du Preez