Dia 27

O que são, como criar e exemplos de espaços colaborativos no Brasil e no mundo

Coworking

Profissionais normalmente trabalham em equipe nas organizações, entretanto, muitas vezes sem colaboração entre si. Para que haja colaboração, é preciso mexer na cultura da instituição, criar ou compartilhar visão e valores com os colaboradores e ofertar um espaço físico que estimule esse comportamento.

O espaço físico induz comportamento.

Veja neste artigo, a importância de criar ambientes de colaboração, saiba identificar o seu estágio nesse processo e as características desses locais e conheça exemplos de espaços colaborativos no Brasil e no mundo.

Porque criar um ambiente de colaboração

As organizações e até mesmo professores em salas de aula já perceberam que, para engajarem e tornarem-se relevantes, melhorando sua entrega de valor e os processos de aprendizagem, devem gerar soluções inovadoras e adequadas a seus públicos. Conforme estudo, há uma relação entre colaboração e inovação, o que torna os espaços colaborativos boas estratégias para a sustentabilidade das organizações.

Os espaços colaborativos potencializam a interação e a melhora no clima entre as pessoas, que executarão suas tarefas mais motivadas, o que maximiza seu poder criativo.

No livro De onde vêm as boas ideias, Steve Johnson aponta que elas surgem de “conexões”. A conexão e a interação com outras pessoas estimulam a criação de ideias novas e inovadoras. Em ambientes colaborativos essa troca está constantemente sendo estimulada e, portanto, esses ambientes são os melhores espaços para a inovação.

Além disso, a cultura e os espaços colaborativos podem reduzir custos, aumentar a produtividade e a satisfação dos colaboradores, que sentirão que, de fato, exercem um papel fundamental nos processos e, ao serem ouvidos e inseridos nesses ambientes, se sentirão mais valorizados.

Identificando o estágio de colaboração de sua organização

Os espaços físicos podem refletir ou não o estágio de colaboração. É possível que organizações que aparentam ter uma estrutura mais tradicional sejam mais colaborativas do que outras que, à primeira vista, parecem ser mais modernas e cool, mas que, na verdade, possuem processos engessados e estruturas que não permitem cocriação e interação. Assim, mais do que avaliar o espaço físico, é preciso analisar o estágio de colaboração da organização. Segundo a consultoria Suíça Ecloo, há, basicamente, 5 estágios, a saber:

#1 DOMINÂNCIA

Nesse estágio, comum em organizações hierarquizadas compostas por líderes-heróis, as decisões comumente são tomadas de modo unilateral, oferecendo ao grupo somente a opção de seguir ordens, sem colaborar com ideias.

#2 TERRITORIALIDADE

Aqui, a maior parte das informações não é compartilhada com o grupo, cada área trabalha isoladamente, apresentando baixo nível de interação com outros setores.

#3 COOPERAÇÃO

Nessa fase, os colaboradores começam a tomar conhecimento e a interessar-se sobre o trabalho dos demais, percebendo que todos fazem parte de uma estrutura orgânica e que compartilham processos e possuem metas em comum para os resultados da organização.

#4 COLABORAÇÃO

Agora o grupo já trabalha tendo uma visão compartilhada e visando ao bem maior da organização, abrindo mão de interesses mais individuais. Ambientes como esse já não são tão fortemente hierarquizados e sua cultura é mais circular, envolvendo os colaboradores em todas as etapas dos projetos.

#5 ECLOSÃO

Nessa etapa, a organização trabalha em ampla colaboração entre seus diferentes atores, incluindo colaboradores, clientes, fornecedores e, muitas vezes, até mesmo outras organizações que se percebem como parceiras, a fim de criar um impacto social mais eficaz.

Como criar espaços colaborativos

Para desenvolver ambientes colaborativos, é importante:

  • Propósito: é necessário ter um propósito claro e comum ao grupo.
  • Ética: nos espaços colaborativos é preciso promover a ética da contribuição entre as pessoas, uma vez que ideias, espaço e recursos serão compartilhados entre elas.
  • Processos: para dar suporte à colaboração, é fundamental criar processos que ajudem o grupo a trabalhar em projetos de modo conjunto. Entre eles, destacam-se a troca de informações (nesses espaços o conhecimento não deve ser centralizado, mas compartilhado e construído com o grupo), a prática da cocriação (por meio da qual as pessoas conseguirão criar soluções e gerar ideias novas e resultados inovadores) e o estímulo às interações (os espaços colaborativos têm em sua base as interações entre as pessoas, equipes e unidades de negócio).
  • Infraestrutura: por fim, deve-se gerar uma infraestrutura que valorize e recompense o comportamento colaborativo nas pessoas.
  • Liderança: os espaços só se tornam verdadeiramente colaborativos quando contam com lideranças facilitadoras que possibilitam que essa cultura emerja e se estabeleça nas organizações, tanto entre equipes quanto entre departamentos e unidades de negócio.

Exemplos de espaços colaborativos no Brasil e no mundo

1) ESPAÇOS DE COWORKING

Além de compartilharem equipamentos, espaço físico e recursos (como energia elétrica e internet) os ambientes de coworking cada vez mais estão evoluindo para espaços de cooperação, cocriação, interação e troca de ideias entre as pessoas que os frequentam (que, normalmente, incluem empreendedores que trabalhariam em casa, e pequenas equipes no momento de start-up. Há espaços desse tipo em cerca de 100 países e, até 2018, a previsão é de que haja em torno de 37.000 ambientes de coworking no mundo.

Alguns exemplos para você se inspirar: Hubud (Indonésia), CocoVivo (Panamá), Agora Collective (Alemanha), B4i (Brasil) e My Office (Brasil).

2) CASAS DE NEGÓCIOS COLABORATIVAS

Outro modelo disponível é o de casas de negócios colaborativas, que agregam negócios, pequenos, médios e grandes, em várias fases de desenvolvimento, e que buscam colaboração com outros. No Brasil, por exemplo, há a House of Learning, voltada a grupos que querem difundir a educação e a House of Bubbles, que reúne iniciativas como bar, lavanderia e biblioteca de moda.

3) ESCRITÓRIOS COLABORATIVOS

É possível também encontrar escritórios colaborativos, nos quais profissionais ou empresas dividem espaço, compartilham conhecimento e trabalham conjuntamente para melhorarem a sustentabilidade de seus negócios. Utilizando esse modelo, no Brasil, há o escritório A Estufa, que reúne negócios diversos que trabalham em um esforço coletivo para gerar ajuda mútua. Entre as práticas desse espaço está, por exemplo, a Resolveria, que forma um grupo de discussão para criação de ideias e resolução conjunta de problemas.

A sociedade industrial, marcada pelas relações assimétricas de poder, pela hierarquização vertical das organizações, pelo baixo engajamento no sistema educacional e pela liderança tradicional e centralizadora está cedendo lugar à sociedade em rede, na qual a cultura da cocriação, o protagonismo na educação, a liderança facilitadora e a construção conjunta de conhecimento encontram lugar nos espaços colaborativos.

Você conhece outro exemplo de espaços colaborativos? Tem alguma dica para estimular ambientes de colaboração? Deixe sua mensagem nos comentários e vamos, juntos, construir e compartilhar conhecimento!

*Este artigo foi publicado originalmente no blog da Manifesto55, e está reproduzido aqui com autorização.